“O novo ciclo político que se iniciou com a vitória do PS/Açores nas últimas eleições regionais de 2012 coincidiu com um período de excecionais desafios que condicionaram fortemente a ação política e a vida quotidiana das famílias e das empresas dos Açores.
De uma forma sumária, podemos referir como características do contexto em que se desenvolveu a ação política do PS/Açores:
- uma crise financeira e económica nacional e internacional que obrigou a uma retração sem precedentes do sistema bancário com consequências devastadoras na capacidade de financiamento da nossa economia;
- um brutal programa de ajustamento orçamental concretizado pelo anterior Governo da República, que impôs uma austeridade sem contemplações sobre famílias e empresas, originando e ampliando uma retração muito significativa da economia com efeitos no emprego e nos indicadores sociais, como, por exemplo, um disparar da taxa de desemprego e a emergência de situações de carências sociais de diversa ordem;
- uma pressão constante sobre a nossa Autonomia e sobre as competências e poderes do Parlamento e do Governo dos Açores, com exemplos mais conhecidos como o da contestação, por parte do Representante da República, do poder dos Açores modularem medidas de apoio social como a remuneração complementar ou a tentativa de usurpação dos direitos dos Açorianos no que se refere ao nosso Mar;
- A decisão norte-americana de reduzir significativamente a presença de militares da respectiva força aérea na ilha Terceira com consequências dramáticas para esta ilha em particular, e para os Açores, em geral;
- a turbulência dos preços nos mercados internacionais dos produtos lácteos, afetando um sector basilar da nossa economia como é a agricultura.
Em todas estes combates, o PS/Açores esteve ao lado das famílias e das empresas açorianas, trilhando um caminho próprio, um caminho que servisse os Açores e os Açorianos, uma Via Açoriana que se distinguiu, de forma particularmente notória em relação ao caminho que outros, nos Açores e no País, resolveram trilhar.
A uma situação de retração económica, definimos e pusemos em prática uma Agenda Açoriana para a Criação de Emprego e Competitividade empresarial.
A uma situação em que lá fora aumentaram os impostos, aqui nos Açores nós baixámos os impostos.
A uma situação em que lá fora cortaram os apoios sociais, aqui, nos Açores, nós aumentámos os apoios sociais, como o Complemento Regional de Pensão (cheque pequenino) ou o Complemento Açoriano do Abono de Família para Crianças e Jovens, ou o investimento público em infraestruturas de apoio social como creches, ATL’s, jardins-de-infância ou centro de apoio a idosos, entre tantos outros.
A uma situação em que lá fora muito se falava de apoio à agricultura nestes tempos conturbados, mas que se limitavam a gerir os apoios que vieram de Bruxelas, nós aqui nos Açores, definimos, para além destes, um conjunto de apoios próprios que, em termos de valor, equivalem ao que todo o País recebeu da União Europeia.
Fizemos tudo isto, não porque existiram opções políticas diferentes na República.
Não porque o caminho que a República quis seguir fosse outro e que por essa via se marcasse a diferença.
Fizemos tudo isto, apesar das opções políticas diferentes da República, daí resultando, isso sim, claramente a constatação das diferenças do caminho que quisemos seguir.
No meio de toda esta conjuntura, ainda avançámos em áreas estruturais para o nosso desenvolvimento e para a nossa Autonomia.
Negociámos, com sucesso, um novo Quadro Comunitário de Apoio; introduzimos um novo modelo de acessibilidades aéreas à nossa Região, com vantagens que estão à vista de todos, desde logo, no aumento dos números do Turismo, baixámos as tarifas aéreas entre as nossas ilhas, e estamos também a caminhar no processo de reforma do modelo de transportes marítimos, entre outras matérias.
Talvez, por isso, talvez por todo este trabalho e pelo facto do PS/Açores sempre se ter afirmado, ao longo desta turbulência, como um referencial de estabilidade, de ponderação, de confiança e de esperança, os Açorianos sempre nos deram a sua confiança maioritária.
A começar pela vitória nas eleições regionais de 2012, vencemos também as eleições autárquicas e as eleições europeias, bem como as eleições legislativas para a Assembleia da República.
A mim coube-me o privilégio e a honra de liderar este grande Partido que é o PS/Açores e de, com ele, liderar, também, um amplo movimento de Açorianas e Açorianos que, mesmo sem filiação partidária, ou até integrando outros partidos que não o PS/Açores, reconhecem neste projeto que lidero a credibilidade, a confiança, a esperança e o trabalho para levar os Açores para a frente.
Ao fim deste primeiro mandato como Presidente do PS/Açores eis-nos chegados aqui.
Ao momento em que se constata que, apesar do muito que foi feito, muito há ainda para fazer.
Ou porque novos desafios surgiram.
Ou porque outros desafios ainda não estão totalmente vencidos.
Ou porque outros há, relativamente aos quais, as soluções que foram implementadas não resultaram da maneira como nós gostaríamos que elas tivessem resultado.
Mas, para além disso, se for necessário resumir, de forma particularmente sintética, as razões para esta candidatura a um segundo mandato como Presidente do PS/Açores, elas aqui estão:
Pelos Açores;
Pelo Povo Açoriano;
Pela nossa Autonomia.
Pelos Açores, porque o sonho e a ambição que tenho para o desenvolvimento e o para o progresso da nossa terra, das nossas ilhas, dos nossos Açores, não está ainda plenamente realizado. Ambiciono mais na criação de emprego, ambiciono mais na Educação, ambiciono mais na Saúde, ambiciono mais na criação de condições para que as nossas crianças e os nossos jovens tenham esperança e tenham confiança no futuro que podem ter nos nossos Açores, ambiciono mais na criação de condições para os nossos idosos, para que eles possam sentir orgulho na sua terra e que possam também sentir confiança e esperança nas gerações futuras.
Pelo Povo Açoriano, porque sinto ser meu dever lutar pelo Povo destas ilhas, honrando o legado que me foi transmitido, engrandecendo-o e correspondendo à confiança que me deram e que me dão.
Pela nossa Autonomia, porque devemos estar sempre vigilantes e prontos.
Vigilantes e prontos face aos autonomistas de fachada de cá e vigilantes e prontos face aos anti-autonomistas confessos de lá, defendendo, intransigentemente, a nossa capacidade e o nosso direito de sermos nós, Açorianos, os senhores do nosso Destino.”
Intervenção de Vasco Cordeiro