André Bradford apresentou esta quarta-feira à Assembleia Legislativa dos Açores, em nome do PS/Açores, o seguinte voto de congratulação, aprovado por unanimidade, que se transcreve na íntegra:
Voto de Congratulação
75 anos da Rádio Pública nos Açores
“Aqui Portugal, Ponta Delgada, Emissor Regional dos Açores da Emissora Nacional”. Foi a 28 de maio de 1941, a partir das instalações do então Emissor Regional dos Açores, que pela primeira vez se ouviu a voz que há 75 anos enforma o viver coletivo das nossas ilhas, ligando através das ondas hertzianas o que a nossa condição geográfica separou - na altura ainda não se ousava dizer “Aqui Açores”, mas seria precisamente no irmanar de todos os Açorianos em torno da ideia de Região que a RDP Açores se tornaria esteio essencial da Autonomia.
No âmbito do Plano de Radiodifusão Nacional, os Açores foram então, depois do Porto e de Coimbra, a terceira parcela do território nacional a dispor um emissor radiofónico dedicado, com sede na Avenida Gaspar Frutuoso, em edifício construído em terreno disponibilizado pelo então Presidente da Câmara de Ponta Delgada, Augusto Rebelo Arruda.
Iniciando a sua atividade com recurso a profissionais vindos do continente português e com uma programação essencialmente musical, a rádio pública nos Açores foi progressivamente alargando a sua capacidade de difusão geográfica e a amplitude dos seus conteúdos, passando a envolver, em meados da década de 40 do século passado, programas de autor da responsabilidade de diversas individualidades regionais e parcerias regulares com a imprensa escrita local.
Pela descoberta, inovação, e espanto, rapidamente captou a atenção dos Açorianos. Fidelizou ouvintes através de reportagens sobre grandes acontecimentos, como a visita do Presidente Óscar Carmona aos Açores, logo em 1941, ou reportagens de comemorações, palestras, conferências, concertos. Em 1943, transmitiu pela primeira vez as Festividades em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, mas só deu início à transmissão regular de serviços noticiosos já próximo do final da década.
Foi necessária a Revolução de Abril de 1974, e o movimento democrático e autonómico a ela associado, para que a rádio pública nos Açores passasse a ser também a rádio pública dos Açores, através da regionalização da RDP – Açores. Contudo, só em 1982 seria publicada a orgânica do Centro Regional como representação descentralizada, com estruturas de decisão próprias e poderes para definir critérios de informação e programação, sem prejuízo de orientações gerais que ainda hoje vigoram na empresa.
Em 1996, o Centro Regional dos Açores expande a sua rede de microcoberturas em frequência modelada – FM. Dois anos mais tarde, a 7 de abril de 1998, a RDP passou a funcionar em novas instalações, construídas de raiz. Esta infraestrutura, que demorou cerca de três anos a ser construída, representou um investimento de cerca de 4,5 milhões de euros, sendo que um quarto deste montante destinou-se à aquisição de equipamento de alta tecnologia que permitiu as primeiras experiências digitais, garantindo maior qualidade de som e fiabilidade na emissão.
Com a reestruturação iniciada em 2004, a Radiodifusão Portuguesa (RDP) e Radiotelevisão Portuguesa (RTP) foram fundidas numa única empresa pública, prestadora do serviço público, que se passou a designar por Rádio e Televisão de Portugal.
É evidente e inegável a importância da rádio pública numa Região como a nossa, onde a distância e a dispersão, bem como a dimensão dos mercados, tornam especialmente relevante a possibilidade de dispensar uma lógica puramente comercial na definição da rede, do investimento em recursos humanos e técnicos, e dos critérios editoriais, usufruindo, assim, de condições para continuar a ser, garantidamente, uma referência nos Açores.
Ao longo destas sete décadas e meia de existência, a RDP tem desempenhado um papel importante na coesão e no desenvolvimento regional, acompanhando os tempos, ajudando a divulgar as nossas tradições e fazendo ouvir os Açores que fomos e somos. Mesmo perante a concorrência da televisão, primeiro, e dos novos meios digitais, depois, capazes de acrescentar imagem e interatividade à magia instantânea da rádio, a “voz dos Açorianos” continua a representar um elo sólido e inquebrantável de união entre as várias sonoridades do nosso arquipélago.
Sendo altura de celebrar, esta é também, porém, altura de reafirmar a necessidade de a rádio pública nos Açores ser dotada das condições materiais, técnicas e humanas, necessária à prossecução eficaz da sua missão e que decorrem de compromissos várias vezes reiterados e várias vezes incumpridos pelas sucessivas administrações da RTP.
Assim, e nos termos estatutários e regimentais aplicáveis, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores aprova um Voto de Congratulação pelo septuagésimo quinto aniversário da rádio pública nos Açores.
Do presente voto deve ser dado conhecimento à Direção do Centro Regional dos Açores da Rádio Televisão de Portugal, à Administração da RTP, ao Governo da República e aos vários grupos e representações parlamentares da Assembleia da República.