Vasco Cordeiro afirmou hoje que a Escola do Mar dos Açores, que será construída na ilha do Faial, num investimento de cerca de 4,5 milhões de euros, vai dar resposta ao objetivo estratégico de dotar a Região de uma instituição de formação profissional de qualidade e certificada em várias áreas da economia do mar.
“Este projeto, que agora vê a sua concretização, vem dar cumprimento ao compromisso de dotar a Região com uma instituição capaz de oferecer formação profissional de elevada qualidade, certificada, reconhecida e valorizada nos mercados de trabalho regional, nacional e internacional”, salientou Vasco Cordeiro.
O Presidente do Governo falava na cerimónia de lançamento da primeira pedra da Escola do Mar dos Açores (EMA), que vai requalificar um conjunto de edifícios da antiga Estação Rádio Naval da Horta, reforçando a centralidade do Faial no setor do Mar, atraindo formandos e profissionais de diversas áreas e criando mais emprego e dinâmica social e económica nesta ilha e, por seu intermédio, nos Açores.
A adaptação deste espaço, segundo Vasco Cordeiro, enquadra-se, também, no objetivo do Governo de privilegiar a reabilitação urbana para instalar serviços públicos, sempre que isso seja possível do ponto de vista técnico, constituindo, neste caso concreto, uma mais-valia pela valorização de um património edificado histórico desde sempre ligado ao mar.
Na sua intervenção, o Presidente do Governo salientou, por outro lado, que este novo estabelecimento de ensino não é uma escola apenas de formação na área das pescas, já que, nos “seus objetivos e na sua ambição estratégica, vai muito mais além”.
“As áreas de intervenção da Escola do Mar dos Açores serão definidas com base na identificação das necessidades do mercado ao nível da mão de obra especializada, tanto nas áreas consideradas mais tradicionais, como a pesca e os transportes marítimos, como em áreas em crescimento acentuado e emergentes, caso das atividades marítimo turísticas, do turismo de cruzeiros ou da aquacultura”, anunciou.
De acordo com o Presidente do Governo, a EMA terá, também, o objetivo formar profissionais nas áreas dos portos, do mergulho profissional, da observação de pesca e do ambiente, da inspeção, fiscalização e segurança marítimas, e da gestão e vigilância das zonas balneares, entre outras.
Nesse sentido, a Escola do Mar dos Açores terá todas as valências técnicas e logísticas para disponibilizar cursos de acordo com as disposições da Convenção STCW - Standards of Training and Certification Watchkeeping Convention, obrigatórias, em breve, para todos os marítimos europeus e dos países signatários desta Convenção.
A integração da EMA no programa europeu Vasco da Gama, que visa promover e uniformizar a formação em profissões marítimas, será um dos aspetos relevantes a explorar.
“É preciso, também, não esquecer que a Escola do Mar não constituirá, nem se pretende que constitua, um corpo estranho ao Sistema Educativo Regional. Aliás, ela está integrada no Sistema Educativo Regional, nos termos do Estatuto do Ensino Particular, Cooperativo e Solidário”, sublinhou Vasco Cordeiro, ao adiantar que a instituição deverá, assim, formar jovens, conferindo-lhes uma dupla certificação escolar e profissional.
A EMA vai também oferecer Cursos de Especialização Tecnológica, agora em regime de ensino não superior, como, por exemplo, dirigidos a Operador Marítimo-Turístico, dando continuidade ao curso criado pelo Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, em colaboração com a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique.
Segundo o Presidente do Governo, atualmente, a economia do mar, na sua diversidade, corresponde a cerca de 5% do PIB regional, é responsável por mais de 25% das exportações, conta com cerca de 900 empresas que empregam mais de 5.000 colaboradores e que geram um volume de negócios superior a 200 milhões de euros por ano.
“Esta infraestrutura terá, assim, um papel fundamental no empreendedorismo, na qualificação e certificação dos nossos profissionais do mar, conferindo-lhes competências técnicas, inovadoras e competitivas para o desenvolvimento da economia do mar”, frisou Vasco Cordeiro.
Além disso, a EMA, aproveitando a sua localização na Horta, terá condições acrescidas para estabelecer parcerias e aproveitar sinergias com o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e com o futuro Observatório do Atlântico, que terá sede no Faial.
“O Governo dos Açores, atento à importância crescente que a economia do mar assume no panorama internacional, considera determinante a definição e implementação de estratégias que dinamizem o setor marítimo açoriano, permitindo também que a Região se afirme, com orgulho, como uma das regiões que melhor aproveitamento faz do seu Mar, ao nível do país e da Europa”, assegurou Vasco Cordeiro.
A Escola do Mar vai ocupar quatro dos edifícios existentes e será construído um novo espaço dedicado a oficinas especializadas.
Prevê-se que, numa fase posterior, se recuperem quatro dos seis blocos de apartamentos existentes, com capacidade para albergar cerca de 100 formandos e formadores deslocados.
A EMA disponibilizará espaços adaptados para formação geral, salas equipadas com simuladores modernos para navegação, comunicações e máquinas, e oficinas de mecânica, soldadura, hidráulica, eletricidade, eletrónica e ainda marinharia, pescas, carpintaria e processamento de pescado.
A infraestrutura terá, também, um Parque de Limitação de Avarias moderno, construído de raiz, que inclui um campo de treino de combate a incêndios e operações de salvamento e uma infraestrutura de apoio, uma valência fundamental para a certificação internacional da instituição de ensino.
Para além destas valências, esta Escola terá um ponto de acesso direto ao mar, junto ao porto de pesca da Horta, onde serão instaladas uma oficina de reparação e manutenção naval e uma secção de mergulho.