O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, elogiou hoje o interesse do congressista norte-americano Devin Nunes na questão das Lajes e destacou que não está em discussão, “como nunca esteve, a presença militar de outro país na base”.
“(…) Sendo certo que não está em discussão, como nunca esteve, a presença militar de outro país na base das Lajes, mas sim as parcerias de âmbito científico e comercial, se a administração norte-americana valoriza dessa forma as Lajes, só resta dirigir ao governo dos Estados Unidos a recomendação genialmente expressa pela expressão inglesa: ‘Put your wallet where your mouth is’ ('Fazer mais e falar menos')”, afirmou Vasco Cordeiro.
Em entrevista à agência Lusa, Devin Nunes disse hoje que a presença de entidades estrangeiras perto da base das Lajes, na ilha Terceira, é inaceitável, e vincou que a base açoriana "é um dos locais mais estratégicos no mundo".
"Qualquer estrangeiro perto dessa base não é boa ideia. É um local estratégico e não precisamos de ter ninguém por perto", vincou o republicano.
A resposta de Devin Nunes sobre os estrangeiros perto das Lajes surge na sequência de declarações críticas da expansão da China a nível económico em várias partes do mundo, nomeadamente nas ilhas açorianas.
Numa declaração escrita enviada à Lusa, Vasco Cordeiro realça que “o interesse ativo e empenhado de Devin Nunes na questão da base das Lajes tem sido uma constante ao longo dos últimos anos”.
Para o chefe do executivo açoriano, Devin Nunes, que Vasco Cordeiro trata como amigo, “tem sido e, por certo, continuará a sê-lo, um dos grandes defensores da importância dos Açores na relação de Portugal com os Estados Unidos da América, interpretando o que considera serem os interesses do seu país”.
“Naturalmente que contamos com ele na valorização dessa parceria, sobretudo agora quando novos desafios surgem na relação entre a Europa e a América”, salienta Vasco Cordeiro.
O presidente do Governo dos Açores recorda ainda que “já há estrangeiros, não perto da base das Lajes, mas dentro da base das Lajes, há cerca de 60 anos” e “são os norte-americanos”, notando que “não é pelo facto de serem estrangeiros que deixam de ser bem acolhidos com a hospitalidade e simpatia que caracterizam o povo açoriano nas suas relações com seja lá quem for que venha por bem”.
A 12 de outubro último, o primeiro-ministro português admitiu em Macau que a base aérea das Lajes pode ser usada pela China se os Estados Unidos não renovarem o acordo de exclusividade, mas apenas para fins científicos e não militares.
"Temos um acordo com os Estados Unidos, e queremos continuar com esse acordo, mas respeitamos a decisão" dos norte-americanos, disse António Costa numa entrevista difundida pela agência de informação financeira Bloomberg.
No mesmo dia, o presidente do Governo dos Açores afirmou que uma eventual parceria com a China sobre a base das Lajes, que não no plano militar, pode ser aprofundada, destacando a relação histórica com os Estados Unidos da América.
“Sendo de interesse mútuo, julgo que nada obsta a que nesses planos, que não o plano militar, ela possa ser analisada, aprofundada, debatida”, adiantou na ocasião Vasco Cordeiro.