Mário Tomé apresentou esta quarta-feira à Assembleia Legislativa dos Açores, em nome do PS/Açores, o seguinte voto de congratulação, aprovado por unanimidade, que se transcreve na íntegra:
VOTO DE CONGRATULAÇÃO
Pelo centenário do Jornal “O DEVER”
Quem não é comigo é contra mim, assim escreveu no primeiro editorial do jornal O Dever, no dia 2 de Junho de 1917, publicado na Vila da Calheta de São Jorge, o Pe. João Vieira Xavier Madruga, natural das Lajes do Pico, e que na altura era pároco e ouvidor no Topo, de São Jorge, fundador e primeiro proprietário daquele jornal.
O jornal nasce, historicamente, com um propósito firme: combater o republicanismo, defender a Igreja Católica e, mais tarde, o Estado Novo, promovendo e divulgando os seus valores políticos, sociais, económicos, culturais, morais e religiosos, até aos finais da década de 70.
Nessa época publicavam-se nos Açores 35 periódicos, quase todos de cariz político: quatri diários, e os restantes semanários e quinzenários. Desses, apenas sobreviveram, e chegaram até nós, 8 jornais, entre os quais O Dever. É o semanário mais antigo do Arquipélago e um dos mais antigos de Portugal.
Com a implantação da Democracia em Portugal, e com a instauração do Regime Autonómico nos Açores, O Dever transforma-se, acompanhando os tempos e as novas dinâmicas políticas e sociais emergentes. De um jornal comprometido, transforma-se num jornal aberto e plural.
Manteve-se ativo em São Jorge 21 anos, sediado numa casa paroquial da Calheta. Foi transferido para as Lajes do Pico, em 1938, sendo o seu primeiro número publicado na vila das Lajes, a 3 de setembro desse ano. A tipografia e todos os equipamentos foram transportados para o Pico a bordo do iate Andorinha.
O jornal foi vendido, pelo Pe. Xavier Madruga, à Paróquia da Santíssima Trindade, das Lajes do Pico, por volta de 1969. Desde então, O Dever é, juridicamente, propriedade desta Paróquia.
Depois do Pe. Xavier Madruga foram sucessivamente diretores do jornal todos os padres da Paróquia da Matriz da Santíssima Trindade, sendo o seu atual diretor o Pe. João António Neves. Constituíram exceção Manuel Paulino Costa e o Pe. Marco Martinho.
Uma das iniciativas que marcaram as comemorações desta efeméride, foi a exposição 100 Anos – O Dever, atualmente patente ao público na Galeria de Exposições Temporárias do Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico. Esta exposição faz a revisitação de O Dever ao longo dos seus 100 anos de vida. Mais de 5000 exemplares. Milhares de notícias, artigos, crónicas, anúncios, imagens e escritos de toda a ordem.
Muitos foram os administradores, editores, redatores e colaboradores de O Dever. Centenas de pessoas que, ao longo de um século, contribuíram decisivamente para que o jornal se mantivesse vivo.
Esta resistência, tipicamente picarota, merece o nosso reconhecimento público. O jornal O Dever deve ser homenageado com a congratulação formal do Parlamento dos Açores. Este jornal é um património, uma marca do concelho das Lajes do Pico, da ilha, e da Região. Um testemunho precioso de parte significativa da nossa história, da nossa memória coletiva e da nossa identidade.
Aquando das comemorações do centenário do jornal O Dever, o Diretor do Museu do Pico, Dr. Manuel Francisco Costa Júnior, afirmou – cito: Saibamos, num tempo novo e complexo para a imprensa escrita, reinventar e manter vivo O Dever. Sim, porque O Dever, de alguma forma, somos todos nós. Fim de citação!
Assim ao abrigo das disposições regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista propõe à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores um voto de congratulação pelo centenário de O Dever. Desse voto deve ser dado conhecimento ao jornal O Dever, à Paróquia da Santíssima Trindade das Lajes do Pico e à Diocese de Angra.