“A criação do Certificado Verde Digital e, acima de tudo, o objetivo de estar operacional em junho, tem o potencial de ser um importante instrumento para salvar o turismo este ano e contribuir para a recuperação da nossa economia”, defendeu a deputada do Partido Socialista dos Açores à Assembleia da República, Lara Martinho, que considerou ser este um sistema “seguro e comum”, para preparar o futuro.
De acordo com a parlamentar, autora do relatório que visa a implementação do Certificado Verde Digital, e que apresentou no âmbito da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, este instrumento irá possibilitar a circulação livre e segura durante a pandemia de Covid-19, estando disponível em formato digital ou em papel, através de um código QR, permitindo garantir a segurança e a autenticidade do documento.
Lara Martinho assinalou a criação de três tipos de documento, cujo objetivo pretende evitar a discriminação: certificados de vacinação, certificados de testes e certificados para pessoas que recuperaram da COVID-19.
Dando nota de que muitos países consideram já o desenvolvimento do passaporte de vacinação Covid-19, Lara Martinho destacou a posição da própria Organização Mundial do Turismo (OMT) que considerou que esta coordenação dos protocolos de viagens entre os países pode garantir o reinício seguro do turismo, evitando mais um ano de perdas massivas para o setor. Também nesse sentido, a Comissão Europeia tem mantido negociações com os EUA, no sentido de aceitar certificados de vacinação como prova da imunidade para visitantes, o que pode permitir a restauração das viagens de lazer transatlânticas, o que terá um impacto muito significativo nos Açores.
“É fundamental criarmos medidas fortes e urgentes para restaurar a confiança no turismo e garantir um ano com melhores resultados neste setor, do qual muitas pessoas e empresas dependem para sobreviver”, assegurou a deputada, frisando as perdas sentidas que, de acordo com dados da OMT, atingiram os 87% no número de chegadas internacionais em janeiro deste ano, números que se continuam a registar também em Portugal, cujas estimativas de janeiro de 2021, apontam para uma contração da atividade turística em 78,3%, e nos Açores de 72,4%.
“Este ano continuará a ser marcado pela pandemia, mas temos de criar as condições para acelerar a retoma do turismo, contribuindo para tal, quer o Certificado Verde Digital, ou seja, regras internacionais comuns para viagens, assim como a manutenção das medidas sanitárias, ambos fundamentais para devolver a confiança aos turistas”, defendeu a deputada.
“É também muito relevante, para reforçar a confiança dos empresários, continuarmos a apoiar este setor, seja com a manutenção dos apoios ao emprego até setembro deste ano, o apoio ao fim das moratórias bancárias ou a operacionalização do Banco Português de Fomento que são importantes medidas que temos de acompanhar muito de perto para garantir que se necessário são ajustadas às necessidades das empresas” reforçou Lara Martinho
Nesse sentido, Lara Martinho alertou para a necessidade de se implementar uma estratégia nacional robusta em três áreas determinantes: “em primeiro lugar a vacinação e a importância de se continuar a acelerar a inoculação em Portugal, e em particular nas Regiões Autónomas, em 2º lugar assegurar uma estratégia de captação de fluxos turísticos para as várias regiões do país, aproveitando a reabertura dos corredores aéreos, e nesta estratégia de captação as nossas companhias aéreas, TAP e Azores Airlines, devem desempenhar um papel determinante na garantia de uma oferta robusta para os vários destinos nacionais e regionais, em 3º lugar criar campanhas internacionais de promoção do destino que reforcem a mensagem de que o nosso destino é seguro”.
Já esta quarta-feira, Lara Martinho considerou, em audição parlamentar ao Ministro de Estado, da Economia e Transição Digital, a relevância da criação do ambicioso Plano Plurianual do Turismo, reivindicando, neste âmbito, que este plano seja aplicável também aos Açores e à Madeira, à semelhança do que tem sido feito ao longo destes meses, “apoiando diretamente sempre que não abranja fundos regionalizados e incentivando uma parceria regional sempre que estejam em causa fundos europeus regionalizados”, porque, conforme considera a deputada, “temos de garantir que as empresas açorianas e madeirenses não são deixadas para trás”.
Em resposta, Pedro Siza Vieira considerou que quer a intervenção no Banco de Fomento como no Plano Plurianual de Turismo nas Regiões Autónomas depende da adesão das próprias regiões, sublinhando, nesse sentido, que quer os Açores como a Madeira, já manifestaram a sua intenção de participar no Banco de Fomento.
Na ocasião, o Ministro recordou ainda se aplicarem nas Regiões Autónomas as linhas de crédito lançadas pelo Banco de Fomento, destacando que, ainda na passada semana, “lançamos uma linha de crédito para as grandes e médias empresas do setor do Turismo, que permitiu apoiar essas empresas com financiamento e com conversão de 20% do crédito a fundo perdido”, encontrando-se também em vigor nas regiões, com o apoio dos respetivos Governos regionais.