“Os agricultores da Ilha Terceira passam pela maior crise de rendimento dos últimos 30 anos”, alertou, esta sexta-feira, o Secretariado de ilha do Partido Socialista, para expressar a sua solidariedade com os produtores de carne e de leite Terceirenses que, desde a passada semana tem demonstrado o seu desespero “face às dificuldades do presente e do futuro”.
Para Décio Santos, membro do Secretariado de ilha do PS/Terceira, e atendendo ao atual contexto em que vivemos, “já se sentem dificuldades acrescidas para a agricultura, decorrentes dos grandes aumentos dos fatores de produção, em especial dos custos dos cereais, da ração, dos combustíveis, entre outros”, pelo que, a reivindicação por “um preço justo pelo seu árduo trabalho e pela valorização do seu produto, é justa e relevante”.
Mas, numa Região cujo setor se assume como essencial à economia dos Açores, representando cerca de 30% da produção nacional, o Partido Socialista defendeu a importância de se “reforçar os mecanismos de apoio, bem como intervir e potenciar um diálogo assertivo entre as partes, em toda a cadeia de valor”, no sentido de se resolver o problema, “para que não seja o princípio do fim de um setor produtivo que é fundamental para o contexto e dinâmica económica da ilha Terceira e dos Açores”.
Assim, e reforçando o desânimo e descrença dos agricultores da ilha Terceira quanto ao seu futuro, o Partido Socialista apelou a um sinal da mudança da estratégia implementada, “que assente na valorização, inovação e criação de produtos apetecíveis e desejados por outros mercados e por novos consumidores”, defendendo, por isso, a criação “de um mecanismo de proteção da volatilidade dos mercados e das estratégias que comprometem o segmento da carne, leite e lacticínios” e a “potenciação de instrumentos como a rotulagem, as denominações de origem e num importante combate a contratos e posturas desleais entre comercialização e produção”.
Face a esta manifestação dos agricultores, o PS/Terceira lamentou ainda “o silêncio perturbador e a total inação” do Secretário Regional, que no passado se dizia sempre ao lado dos agricultores, “mas que à hora marcada não compareceu para esclarecer nem demonstrar o seu apoio a esta luta”.
Nesse sentido, e em conferência de imprensa, Décio Santos reforçou “as dúvidas e insegurança face ao futuro deste setor”, questionando, nessa medida, o responsável pela tutela, quanto à estratégia de futuro, do Governo Regional, para o setor.
“Quais as prioridades e objetivos para o próximo quadro Financeiro comunitário? De que forma este mitigará estas e outras dificuldades recorrentes dos nossos agricultores? O que tem o Governo de concreto feito para resolver a distância, falta diálogo e de solidariedade dos representantes da indústria a nível Regional e nacional? De que forma um corte em 20% na verba alocada à agricultura no Orçamento Regional, irá agravar ainda mais os problemas destas tão importantes fileiras?”, questionou o Socialista.
Na ocasião, e defendendo a importância de serem obtidas respostas a bem da lavoura Terceirense, a Socialista quis ainda saber “de que lado está o Secretário da Agricultura, e o que tem ele a dizer desta manifestação de desespero dos nossos agricultores, que de forma respeitosa se deslocaram e protestaram, às centenas, nas ruas da cidade de Angra do Heroísmo?”.
“Para o PS/Terceira urgem respostas e soluções efetivas, e deve ser exigido que o Secretário da Agricultura ganhe coragem para se pronunciar”, assegurou o Socialista, para lamentar que com mais esta inação, o Governo de coligação continue “a deixar a ilha Terceira para trás”.