A deputada do PS/Açores à Assembleia da República manifestou não compactuar com as tentativas de “denegrir, desvalorizar e colocar em causa o contributo que Portugal e as suas Forças Armadas dão ao mundo há mais de 30 anos”, no âmbito das missões em que participa nas Nações Unidas, na NATO na União Europeia ou até mesmo ao abrigo da cooperação bilateral, como é bem evidente o caso recente de Moçambique.
Lara Martinho, que interpelava o Ministro da Defesa Nacional, no âmbito da audição para prestar esclarecimentos referentes às falhas de comunicação na operação Miríade, referiu que este é um ato isolado, embora grave, e que as pessoas a quem for provado que cometeram crimes têm efetivamente de ser punidas, mas lamentou que “se desvalorize o papel positivo que os militares têm desempenhado nos mais diversos cenários e teatros operacionais em todo o mundo”, contribuindo para a “estabilização de situações muito delicadas do ponto de vista humanitário, social e político”.
“O Partido Socialista não aceita que um caso excecional desta natureza coloque em causa o prestígio que o país e as Forças Armadas adquiriram ao longo da sua história, e que é internacionalmente reconhecido mesmo na República Centro Africana”, assegurou a parlamentar, para salientar haver forças políticas na Assembleia da República “que insistem em fazer deste caso, que é puramente judicial, um caso político, sem olhar a meios e palavras na hora de, com fins puramente eleitoralistas, criar atritos entre órgãos de soberania, atingindo as instituições e criando um ruído que atinge, sim, as Forças Armadas”.
Manifestando não poderem, num dia, elogiar as Forças Armadas, e noutros simplesmente ignorar todas essas palavras de defesa, da ética e conduta militares, tentando criar um caso político que atinge as Forças Armadas e os seus ramos, Lara Martinho considerou ficar claro a intenção de algumas forças políticas ao tentar “criar atritos com fins manifestamente eleitoralistas”.
“O Partido Socialista não compactua com essa atitude que, para atingir o poder político, acaba por contribuir para o desprestigio na praça pública das nossas Forças Armadas, numa atitude típica que insiste em confundir a árvore com a floresta”, assegurou a deputada.
No decurso da audição, a deputada Socialista questionou ainda o Ministro quanto à abertura de um inquérito, por parte da ONU, relativamente à atuação da Força Portuguesa na República Centro Africana, situação que João Gomes Cravinho refere não ter conhecimento.
“Quando olhamos para as Forças Armadas é muito importante focarmos sobre a essência da sua missão, a forma como trabalham para todos nós, para todos os portugueses, sempre no intuito de melhorar a cada momento a prestação das suas missões, e muito respeito pelo que fazem e que tem granjeado muito prestigio para o país, seja nas Nações Unidas, na NATO ou União Europeia”, referiu o Ministro, para salientar ser evidente que a conjuntura política que vivemos “produz sempre alguma bruma”, mas que o Parlamento saberá distinguir o essencial do acessório.