Vasco Cordeiro alertou, esta quinta-feira, o Governo Regional para as diferenças entre as situações pandémicas vividas nos Açores e noutras partes do país, destacando que nos Açores ainda circula em percentagens elevadas a variante Delta, que coloca mais pressão sobre o Serviço Regional de Saúde, com o potencial de levar a mais internamentos e óbitos.
O líder parlamentar do PS falava no âmbito de uma declaração política, proferida no Parlamento dos Açores.
Vasco Cordeiro reiterou uma mensagem de “prudência e cautela”, salientando que, neste momento, “não conta tanto o número de casos”, mas sim “o número de internamentos e a trágica consequência de óbitos”, uma situação que não seria tão severa “se prevalecesse quase por completo a variante Ómicron, como acontece noutras partes do mundo e do país”.
O presidente do GPPS analisou perante os deputados Açorianos uma ficha relativa aos Açores, parte de um estudo mais abrangente que a União Europeia fez sobre a relação entre a Pandemia e as Regiões Ultraperiféricas.
Vasco Cordeiro mostrou-se “preocupado”, sobretudo com o facto de que “alguns limites das linhas vermelhas e dos critérios que foram definidos pelo Governo Regional estarem a ser ultrapassados ou perigosamente perto disso”.
O líder dos socialistas alertou que as medidas regionais “não podem limitar-se a seguir as medidas nacionais”, porque nos Açores “ainda existem elevados números de contágio pela variante Delta”, uma estirpe que “traz potencialmente maior dano à saúde do que a Ómicron” e que, por isso, “nos impõe uma grande frieza e cautelas naqueles que devem ser os passos a seguir”.
Vasco Cordeiro voltou a valorizar aspetos como “a informação, a clareza e a capacidade de esclarecer e tranquilizar a nossa população”, considerando-os “essenciais”.
Assinalando que, conforme corrobora o estudo da União Europeia, o processo de vacinação nos Açores tem corrido bem, Vasco Cordeiro reiterou que há aspetos que devem ser corrigidos ao nível da articulação entre vacinação e testagem, exemplificando com a reabertura das escolas após a interrupção letiva de Natal, “em que a testagem e a vacinação estiveram, na nossa apreciação, descoordenadas e desarticuladas”.
Vasco Cordeiro alertou, ainda, o Governo Regional para a manutenção de medidas de proteção ao emprego, salientando que o próprio estudo da União Europeia “indica claramente que as medidas apresentadas pelo Governo Regional e pelo Governo da República evitaram o colapso imediato do emprego na Região Autónoma dos Açores".
“Esse tipo de atenção e esse tipo de medidas é um daqueles casos em que devemos estar também particularmente atentos, sobretudo porque o turismo, um dos setores económicos de referência da nossa Região, continua ainda a ser afetado por esta situação”, frisou.
Vasco Cordeiro chamou a atenção do Governo para áreas às quais deve estar atento, elencadas no estudo da UE e que correspondem na generalidade às opções que foram tomadas no âmbito da preparação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), como a “digitalização da administração pública, a promoção dos Açores como local de trabalho remoto, o desenvolvimento da oferta ecoturística regional, a diversificação do setor das pescas de uma forma sustentável e o apoio ao setor leiteiro regional para melhor realizar o seu potencial”.
A esse respeito, Vasco Cordeiro sinalizou a contradição entre este último objetivo e o programa financiado pelo Governo Regional para redução da produção leiteira.
O socialista defendeu que, nesta fase da pandemia, devemos manter-nos “vigilantes, atuantes, mas sobretudo proativos, não apenas na prevenção do ponto de vista sanitário, mas sobretudo sobre os efeitos económicos e sociais que ainda perduram e que, receamos nós, ainda perdurarão”.
“Devemos ter cautela, porque nós ainda estamos no meio de um temporal, no meio de uma tempestade, e é importante termos a consciência disso, sob pena de deitarmos a perder tudo aquilo que foi conquistado até ao momento”, alertou o líder parlamentar do PS, Vasco Cordeiro.