O grupo municipal do PS na autarquia da Horta contestou a decisão do Conselho de Administração do Grupo SATA pelo cancelamento dos voos Lisboa/Horta/Lisboa nos meses de janeiro, fevereiro e março do presente ano, uma medida que consideram estar a contribuir “para a desvalorização do aeroporto, enquanto porta de entrada na Região, mas também para a economia Faialense”.
Num voto de protesto apresentado esta quinta-feira, os socialistas criticaram o facto de não terem sido dadas “explicações plausíveis, transparentes e objetivas” que fundamentem tal decisão, relevando que apesar de a companhia aérea justificar com “uma baixa procura de lugares para os voos realizados à terça-feira”, nunca deu a conhecer a taxa efetiva de ocupação à data dos cancelamentos.
Mas para os socialistas, não é igualmente compreensível que se cancelem voos com “25, 26, 33 e 40 dias de antecedência”, sendo por isso questionável se neste espaço de tempo “o número de reservas não aumentaria”.
“É estranho que este Conselho de Administração do Grupo SATA, que tão elogiado foi por alguns, pela sua postura e diálogo, não informe os Faialenses sobre os valores das taxas de ocupação e se aceite, sem contestação, estes cancelamentos que se verificam desde janeiro de 2022”, referiu Rui Santos.
Questionando, ainda, a razão pela qual a companhia aérea não apresenta as contas referentes aos prejuízos da rota Lisboa/Horta/Lisboa, incluindo os valores cobrados pela carga, os deputados municipais querem ainda saber qual a promoção que foi feita pela companhia para a rota em causa nos meses de janeiro, fevereiro e março.
Para o grupo municipal socialista, esta situação tem contribuído para a desvalorização do aeroporto, enquanto porta de entrada nos Açores, e para a economia faialense, mas também “para todos aqueles, que por razões profissionais ou até de saúde, têm de viajar para o continente via ilha Terceira e/ou S. Miguel”, apelando, por isso, à intervenção do Governo Regional, no sentido de “não só esclarecer de forma clara e objetiva a situação vigente, como também, na manutenção dos voos previstos considerando os prejuízos que os cancelamentos provocam à economia faialenses e aos seus residentes”.
Na ocasião, os socialistas apresentaram ainda um voto de protesto pela decisão unilateral do Governo Regional em pôr fim aos encaminhamentos gratuitos para passageiros não residentes, o que para os deputados do PS “se traduzirá numa quebra substancial de passageiros desembarcados no Aeroporto da Horta”, mas também “uma redução da atividade económica por via do setor turístico”.
Manifestando que a entrada em vigor, a 15 de novembro de 2021, das alterações ao regulamento de encaminhamento de passageiros que até então se mantinha, ocorreu “sem aviso prévio e sem qualquer consulta ou auscultação por parte do Governo Regional aos parceiros sociais”, o grupo municipal do PS alerta para um claro retrocesso na coesão regional, ao contribuir para que “as ilhas com menos ou com nenhumas ligações aéreas diretas com o exterior, sejam menos atrativas do ponto de vista das acessibilidades e do custo da viagem”.
Para o grupo municipal do PS, este é um sinal negativo para os empresários “que realizaram avultados investimentos, no sentido de dar resposta à elevada procura que têm sido alvo e ao benefício económico que têm retirado da entrada de passageiros por via dos encaminhamentos gratuitos”.
O PSD, o CDS e o PPM votaram contra esta iniciativa confirmando, de acordo com os socialistas, “que os interesses político-partidários se sobrepuseram aos interesses da população".