Carlos Silva, após mais duas audições no âmbito da Comissão de Inquérito à Operacionalização das Agendas Mobilizadoras (CIOAM), sublinhou que “mais uma vez ficou demonstrado que o Secretário Regional das Finanças mentiu ao Parlamento Açoriano”.
O deputado socialista falava após a audição ao ex-Presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Horta (Presidente à data das Agendas Mobilizadoras), Davide Marcos, e de Rui Gidro, da Deloitte Business Consulting SA, uma das auditoras que participou no processo, contratada pelo Governo Regional.
“Davide Marcos confirmou à Comissão que todo o processo das Agendas Mobilizadoras foi mal organizado e excessivamente concentrado na Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), que existiu uma relação promíscua entre a CCIPD e o Governo, que não houve critérios claros para a escolha das empresas e que o 2º aviso das Agendas Mobilizadoras está fechado, com a Região a começar a perder oportunidades”, frisou o parlamentar do PS.
Isto após o próprio Presidente do Governo ter afirmado, em plenário da Assembleia Regional, que o processo das Agendas Mobilizadoras seria reiniciado e que os empresários da Região não perderiam “um cêntimo”.
Carlos Silva frisou que a Deloitte confirmou que foi um adjunto do Secretário Regional das Finanças, Bastos e Silva, que indicou aquela consultora que deveria ser atribuído 1 milhão de euros à Universidade dos Açores, para estudos econométricos.
“Cada vez mais resulta evidente que o Governo Regional esteve envolvido, ao mais alto nível, na definição das listas de empresas que integraram os consórcios, com ligações próximas a algumas entidades”.
Carlos Silva salientou que o Governo dos Açores “envolveu-se, de facto, nas Agendas Mobilizadoras”, desde logo porque “contratou duas consultoras, porque participa ativamente no processo, integrando consórcios através de secretarias regionais e empresas públicas e porque aprovou a lista final das entidades e o valor dos consórcios”.
Por outro lado, frisou, em audição anterior, o Secretário Regional das Finanças disse ter “mandatado as Câmaras de Comércio para selecionar as empresas que iriam participar”, tendo posteriormente a CCIPD afirmado que “não foi responsável pela seleção das empresas para integrar os consórcios” e Davide Marcos dito ter tido a “perfeita noção de que sabia menos do que Mário Fortuna”.
“Estamos, portanto, perante uma embrulhada, magistralmente criada pelo Governo, que falha em toda a linha naquele que era o seu objetivo, promover as Agendas Mobilizadoras e criar oportunidades para os Empresários Açorianos, para que aumentassem a sua resiliência a uma nova crise que possa prejudicar a nossa Economia”, lamentou Carlos Silva.
A Comissão de Inquérito à Operacionalização das Agendas Mobilizadoras tem como propósito aferir a legalidade, a transparência e a igualdade das decisões tomadas pelo governo regional na construção das Agendas Mobilizadoras.
Este assunto gerou muita polémica no seio dos empresários e da sociedade civil, que consideraram que o Governo Regional não teria assegurado as condições de participação alargada neste processo, que se iniciava com a construção de consórcios e prosseguiria, depois, com as candidaturas a este concurso de ideias.
Esta comissão de inquérito foi requerida por deputados do Partido Socialista, da Iniciativa Liberal, do Bloco de Esquerda e do PAN.