Carlos Silva salientou, esta quarta-feira, que o Governo Regional PSD/CDS/PPM “passou três anos a dizer que estava a salvar o Grupo SATA” mas, na prática, “conduziu o processo de privatização da Azores Airlines de forma pouco transparente e amadora”.
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS reagiu desta forma ao anúncio do Governo Regional de suspender o processo de privatização da Azores Airlines, um processo lançado há 9 meses, marcado por falta de transparência e que agora termina sem grandes explicações.
Quanto à justificação do Governo Regional para esta suspensão, assente na “atual situação política na Região” e a “mais que provável futura dissolução do Parlamento Regional”, Carlos Silva realçou que isso não passa de uma “desculpa esfarrapada para interromper um processo que arrancou mal, que se desenrolou sempre de forma pouco transparente”, destacando que “da forma como estava a correr, não salvaguardava os interesses dos Açorianos”.
Carlos Silva apontou que esta decisão “tem ser explicada”, sobretudo sobre as “consequências ao nível da validade das propostas apresentadas”, visto que os 180 dias previstos no caderno de encargos terminam em janeiro.
“A suspensão do processo parece ser mais uma forma encapotada de deitar abaixo o concurso, de forma pouco ética”, realçou.
Carlos Silva lembrou que, neste âmbito, o Governo Regional “não divulgou a informação requerida pelo Parlamento” e que “nunca foi revelado o conteúdo exato do processo de reestruturação da Azores Airlines negociado por este Governo com a Comissão Europeia”, nem sequer foi “tornado público o relatório do júri do processo de privatização”.
O parlamentar socialista recordou que foi este Governo Regional que, no caderno de encargos que lançou, “abriu a porta a uma privatização que podia ir até aos 85%”, ditando a perda de influência na companhia aérea, algo que “não foi uma imposição de Bruxelas”.
Carlos Silva recordou que o Governo do PSD/CDS/PPM fez “exatamente o contrário do que o seu Presidente, José Manuel Bolieiro, tinha defendido enquanto candidato”, avançando com uma privatização em moldes que “retirariam o controlo da companhia aérea da Região” e realçou os “cerca de 120 milhões de prejuízos nos últimos dois anos e meio”.
Carlos Silva rejeitou a “ética democrática” que o Governo Regional alegou para esta suspensão, frisando que “o processo poderia ter sido muito mais rápido e transparente” e realçando que este Governo “já está em campanha eleitoral descarada, prometendo tudo a todos, nestas suas últimas semanas de mandato”, o que “não é lá muito ético, nem democrático”.
O deputado do PS vincou que o caderno de encargos deste Governo Regional “abria a porta aos despedimentos de trabalhadores no grupo SATA, à perda de ligações nas gateways e à deslocalização da sede da companhia para fora da Região” e também que a crise política que atravessamos foi “criada pelo próprio Governo Regional PSD/CDS/PPM, que desprezou os seus parceiros de incidência parlamentar e falhou na aprovação do seu Orçamento Regional para 2024”.
“O Governo Regional encontrou aqui uma desculpa esfarrapada para, mais uma vez, fugir às suas responsabilidades e falhar na resolução de mais uma questão, deixando o futuro da Azores Airlines e do Grupo SATA na incerteza, num limbo que ele próprio criou. A suspensão da privatização da Azores Airlines, um processo que se aproximava do seu fim, é só o mais recente episódio de uma saga de três anos, em que este Governo PSD/CDS/PPM se revelou completamente inapto para governar os Açores”, sublinhou o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS, Carlos Silva.