Francisco César anunciou, esta segunda-feira, que o Partido Socialista dos Açores vai avançar com uma Comissão de Inquérito para averiguar as medidas implementadas pelo Governo Regional do PSD/CDS-PP/PPM após o incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).
Segundo o Presidente do PS/Açores, que intervinha na sessão de abertura das Jornadas Parlamentares do GPPS, em São Jorge, não é admissível que a decisão de se avançar com a construção de um hospital modular, no valor de mais de 30 milhões de euros, “nunca tenha sido justificada publicamente, tecnicamente e politicamente”.
“Durante todo este tempo, ouvimos engenheiros com reputação de décadas ao serviço da Região afirmar que o HDES poderia reabrir em poucos meses e que pouco ou nenhum investimento estaria a ser feito nessa infraestrutura”, alertou o socialista, para reiterar que a opção pelo hospital modular foi uma decisão tomada “ainda antes de apuradas as causas e as consequências do incêndio”.
Salientando que com esta opção o Governo Regional irá gastar mais do que o esperado, uma vez que “os cálculos iniciais estavam errados”, Francisco César alertou, ainda, que durante todo este tempo muitos atos médicos deixaram de ser praticados, “por opção de um Governo que, mesmo na ausência de presença, é quem responde perante os Açorianos”.
“O que os Açorianos esperavam é que quem decide nos apresentasse a inevitabilidade da sua decisão e do caminho percorrido”, defendeu o socialista, para salientar que, com base na documentação a que o PS teve acesso e nas declarações do ex-administrador do HDES, por exemplo, ao nível das urgências, seria possível, no espaço de 60 dias a contar do dia 18 de junho, “abrir o atendimento ao público, nas condições prévias ao incêndio, acrescentando pequenas intervenções de conforto”, conforme informação enviada para a tutela.
Durante a sua intervenção, o líder socialista alertou, ainda, que a par de toda esta situação “temos uma administração do hospital demitida” e com uma presidente “que acumula funções com o cargo de Presidente do Conselho de Administração, de Diretora Clínica e com funções privadas”.
“Nada aqui está em causa em relação à idoneidade da Presidente do Conselho de Administração, mas, não é admissível, em primeiro lugar, que alguém tenha tempo para ser Presidente do Conselho de Administração, Diretor Clínico ao mesmo tempo e prestar consultas no privado, tal como não credibiliza a instituição e o Serviço Regional de Saúde, que quem toma decisões, desde a contratualização com empresas privadas, a decisões na compra de equipamento, que influenciam necessariamente e logicamente o funcionamento de outras empresas privadas, inclusive aquelas onde a Presidente do Conselho de Administração trabalha, que não haja aqui, se não uma ilegalidade, um claro problema ético, que não credibiliza a nossa instituição”, avançou o socialista, para salientar que mais grave ainda é sabermos que a condição prévia para prestar o serviço público de Diretora Clínica, de Presidente do Conselho de Administração foi colocada ao Governo de ter de prestar serviços ao privado e isso coloca a responsabilidade no Presidente do Governo, “que foi quem deu a autorização para essa condição”.
Mas, para Francisco César, o importante, agora, é esclarecer as decisões que levaram à construção de um hospital modular e de ampliação do hospital, questionando, nesse sentido, “porque é que apenas ontem passou a haver uma solução provisória? Que custo é que vai ter o caminho que foi traçado? Com que interesses? Quem são os responsáveis? E quem é que vai pagar?”.
Desta forma, e sobre o evidente caos no Serviço Regional de Saúde, nomeadamente neste processo sobre o hospital, o Presidente do PS/Açores não deixou de salientar que até o próprio PSD “se viu na obrigação de fazer uma comissão de inquérito para apurar o que se passa no funcionamento do hospital e do SRS”, defendendo, a esse propósito, “que se investigue o que se tem de investigar”.