Num tempo e num espaço atravessado por dificuldades complexas, desalentos e desesperança, inquietações e ansiedades, pressões e violências, enredados numa economia perturbada, em valores vacilantes e em transformações sociais incertas, há que resgatar equilíbrios.
Na diversidade que nos enriquece, cada um de nós pode dar muito à sociedade, à nossa terra, a nós mesmos e às nossas famílias. Basta compreender e aplicar as virtualidades do movimento denominado psicologia positiva, introduzido há doze anos pela American Psycological Association. Esta psicologia, ao contrário das que a antecederam e que, grosso modo, procuravam patologias para curar, oferece uma nova abordagem às potencialidades humanas, estudando modos de dar um sentido à vida individual soltando as emoções felizes das pessoas e as condições e os processos que contribuem para a prosperidade dos indivíduos e das comunidades.
Alguma formação ou, pelo menos, conhecimento de psicologia positiva certamente ajudaria muitos de nós e relevar os sentimentos mais agradáveis e as coisas boas da vida e a relativizar algumas tensões, acalmar alguns sobressaltos e até mesmo aliviar alguns azedumes.
Vêm estas considerações a propósito da percepção de que há quem se deixe ir nesta quase depressão colectiva e passe os dias a contaminar quem ainda consegue sair ileso da crise - muitas vezes não por falta de problemas mas por espírito positivo, de esperança, de fé, de confiança (como preferirem).
São estes os antídotos mais assertivos para a crise, a par de uma atitude combativa a favor do que acontece de bom, particularmente nos Açores, onde temos um governo que nos amortece os efeitos de difíceis decisões nacionais e continua a governar pensando nos que têm menos possibilidades. É preciso, por vezes, fazer ouvidos moucos à onda de queixumes de quem afinal gosta mesmo de passar a vida a queixar-se.
Perdoem-me até a ousadia de pensar que há quem não tenha mensagem e, à falta dela, se foca no que A faz e no que B não faz; no que C diz e no que D deveria dizer; nos males do vizinho, porque não aceita olhar os seus; nas desgraças das nossas ilhas ou do nosso país porque não tem ideia nenhuma para as combater.
A política, caros leitores, é uma missão nobre. Tal como todas as funções que são exercidas com seriedade e com responsabilidade. A forma como é exercida é que, por vezes, lhe retira a seriedade que, neste caso, corresponde a credibilidade. E ganhar credibilidade não passa por atacar o outro. Não passa por usar linguagem deselegante nem por desferir acusações como se fossem pedras para atingir o adversário. As atitudes pertencem a quem as toma; as palavras são de quem as profere; as comparações ficam com quem as faz; e o povo na sua sabedoria infinita diz isso há séculos: cada um dá o que tem.
Não poderíamos aproveitar as complexidades deste tempo e deste espaço e dar uma lição de trabalho, de união, de estímulo a quem dele precisa e de reconhecimento a quem o merece? Talvez a resposta fosse surpreendesse… e confirmasse as recentes teorias da Psicologia Positiva!