O País atravessa uma situação difícil. Nessa análise deve ser tida em conta todas as variáveis que nos colocam na situação actual.
A situação que vivemos hoje decorre de alguns erros cometidos pelos sucessivos governos há várias décadas, que devem ser assumidos com humildade e lucidez, mas decorre, também, de fortíssimos constrangimentos externos, da pressão dos mercados e dos especuladores financeiros e da maior crise internacional de que há memória nos últimos 80 anos.
Analisar a situação actual sem referir estas questões é uma desonestidade política e intelectual inaceitável. Além disso, tendo em conta a conjuntura actual, é justo referir que qualquer Governo, independentemente do partido, seria obrigado a tomar medidas austeras de contenção da despesa pública. Dizer o contrário é um exercício esotérico e desenquadrado da realidade.
Quando o Governo da República de José Sócrates chegou ao Governo “herdou” um défice do Governo de Santana Lopes de 6,8%. Em pouco tempo, entre 2005 e 2007, conseguiu reduzir esse défice para 2,7%. Infelizmente, os acontecimentos que resultaram na crise internacional obrigaram ao recentramento de prioridades e ao crescimento do défice em nome do aumento do investimento público e de apoios às famílias e às empresas.
Com o PEC IV tínhamos um programa decidido por Portugal, em função do qual pediríamos financiamento. Agora, teremos financiamento em função de um programa mais austero e causador de mais dificuldades que nos é imposto por entidades externas.
Este agravamento deve-se à ânsia do maior partido da oposição de Portugal de chegar ao poder. O PSD é um grande partido da democracia portuguesa, com grandes responsabilidades. Portugal precisa do melhor que tem o PSD, mas, infelizmente, o que o PSD de Passos Coelho tem para oferecer é o que tem de pior.
São sucessivas as contradições em que este partido já está enredado. Basta ouvir o seu líder nacional que, sempre que fala, contradiz o que disse pouco tempo antes.
Mas além destas contradições que demonstram as fragilidades e a impreparação deste PSD, este partido revela grande demagogia e populismo na sua acção.
Agora defende que quer reduzir ministérios, porque julga que isso cai bem na opinião pública. Nenhum Governo é mais ou menos competente por ter mais ou menos ministérios. Um Governo é melhor se tiver ministros competentes que sirvam da melhor forma os cidadãos e o país.
Isto a propósito de notícias recentes que garantem que o PSD, caso ganhasse as eleições, pretende extinguir o Ministério da Agricultura. Estas notícias nunca foram desmentidas por qualquer dirigente nacional do PSD.
Aqui reside um facto de grande relevância política. É sabido que a orgânica de um governo exterioriza as prioridades que esse governo dá às várias áreas da governação. É sabido, também, a importância que este sector tem nos Açores e a importância da existência de um Ministério nesta área que tenha o peso institucional necessário para fazer valer as suas posições e a defesa dos agricultores e da agricultura. Nunca ouvimos qualquer posição do PSD/Açores sobre esta possível extinção.
Em nome do esclarecimento aos agricultores é importante ouvir da boca dos dirigentes do PSD/Açores, que nunca se pronunciaram relativamente esta matéria, qual é a ideia do PSD nacional, caso ganhasse as eleições, sobre a extinção do Ministério da Agricultura. Há silêncios que confirmam muita coisa.