A situação actual da RTP é responsabilidade de todos. Desde alterações à lei do serviço público, com definições dúbias, não garantindo uma televisão para todos os portugueses; passando pelo “glorioso” feito de Cavaco Silva, na altura primeiro-ministro, que esbulhou a RTP de toda a sua rede de emissores, avaliada, à data, em cerca de 15 milhões de contos. A RTP perdeu assim parte do seu património e perdeu aquilo que seria uma valiosa fonte de rendimento. Uma empresa que poderia dispor de uma rede de emissores para seu uso e para cedência aos demais operadores, vê-se hoje obrigada a suportar um custo anual de 5 milhões de contos pela utilização de uma rede que lhe pertencia. De todos os atrevimentos e afrontas que a RTP já sofreu, não sobra dúvida que o actual governo é campeão. A nossa televisão, a RTP-Açores, é apenas o primeiro jejum. Confesso que esperava “algo” do seminário realizado pelo PSD-A, sobre a RTP-A. Mais uma força política a ouvir os profissionais da televisão, poderia resultar abordagens diferentes a propor ao Governo da República em colaboração com o Governo dos Açores. Bem, rapidamente a expectativa passou a decepção. A líder apresentou uma ideia que tinha antes de entrar na sala, o que ouviu em nada modificou o que tinha na manga, uma sociedade anónima. A dita sociedade constituída por capitais públicos regionais, da república e de privados. Mais uma vez, empurra-se com a barriga os problemas, com promessas eleitorais que, da experiência que temos com Passos Coelho, não se cumprem. Se o PSD-A tivesse capacidade para apresentar uma boa ideia, a RTP-A, todos nós, teríamos que ficar “ em águas de bacalhau “ à JANELA, até, e se ganhasse, 2012.
Esta proposta do PSD-A, trouxe-me à memória uma situação semelhante. Em 2006, a Dra. Berta Cabral criou a sociedade anónima Cidade em Acção, S.A., em parceria com a empresa municipal Acção PDL e 3 empresas privadas, para a construção do parque urbano. Em 2009 a Acção PDL adquire as quotas, a 1€,aos três privados, passando-se para a fusão da Acção PDL na Cidade em Acção, S.A. Hoje, existe só a Cidade em Acção, S.A., imagine-se, afinal, a chamada aos privados, à sociedade civil, reduz-se a 100% capital público. É esta a solução que o PSD-A traz escondida? Pelo passado bem recente, rapidamente se conclui que o PSD de Berta Cabral não traz solução alguma, não contribui para a discussão e melhoramento da situação, nem tem qualquer influência com o Primeiro-Ministro. A bem da verdade, como poderá Passos Coelho ouvir uma líder regional que diz que “não viu, nem ouviu a intervenção de Miguel Relvas na comissão” sobre um assunto tão importante para os Açorianos. Passos Coelho não acredita, pois, não, senhor ministro, eu e outros tantos também não! Voltando ao importante, à nossa televisão, à RTP-Açores. A emissão da RTP, RTP-Internacional ou RTP-2, não cobre os interesses regionais dos Açores não garante um serviço público para os Açores, com respeito à sua cultura, às suas gentes e à sua diferenciação. A alusão “às cassetes” como referiu o ministro é de quem não entende a autonomia, a questão não é só técnica, é de respeito e identificação pela diferenciação e necessidade dos centros regionais para o seu povo. A RTP-A tem que se manter como um serviço disponível para os Açorianos, que vai muito além das 4 horas de emissão regional, com sentido de responsabilidade e inovação a RTP-A tem que alterar as suas propostas actuais, na forma e no conteúdo, e assegurar a transmissão nos emissores por cabo do Continente e Madeira. Mostrar o trabalho que quer e pode fazer. Por em cima da mesa despesas e receitas. Todos queremos um serviço público de televisão com qualidade e de interesse regional, e não uma qualquer “carochinha” à JANELA.