Aqui para nós – que ninguém nos ouve – muito embora as férias sejam sempre um tempo de descanso e lazer desejados e merecidos, é sempre agradável o regresso às lides diárias de trabalho e do exercício das funções e tarefas que executamos com o maior prazer e dedicação. Entre esses labores que muito nos honram, encontra-se obviamente o prazenteiro tempo que dispomos para rabiscar umas linhas através das quais pretendemos transmitir uma opinião, a nossa opinião, acerca da vida política e social do nosso país e da nossa região. Por vezes, existe alguma dificuldade em escolher o tema a convosco partilhar. A ausência de factos relevantes ou, contrariamente, pela enorme quantidade de temas que inundam o nosso quotidiano colectivo, embaraçam a nossa vontade e lançam conflitos de interesse ao nosso querer. Esta semana, ainda com o calor do sol estival colado a uma derme escurecida pela exposição aos raios do astro-rei, para falar verdade, não estou muito virado para reflexões profundas, pelo que deixo à vossa consideração e análise alguns factos ocorridos nos últimos tempos e que reflectem um estilo próprio de uma governação social-democrata. Do rectângulo português veio um dos maiores – senão o maior – ataque à autonomia das regiões dos Açores e da Madeira ao querer reduzir o serviço público de televisão prestado pela RTP Açores a uma mera janela ou postigo que ficaria entreaberta, ao cair da noite, por um período de quatro horas. Somos defensores da manutenção do serviço da televisão açoriana num horário, no mínimo, semelhante ao actual e advogamos que, ao contrário do pretendido, seja aumentada a actividade de produção regional, melhorada a cobertura, em todas as ilhas, dos eventos que mereçam ser do conhecimento de todos os açorianos. Já algumas vezes escrevi discordando da actividade da nossa televisão e, ainda hoje, sou muito crítico a determinadas peças sensacionalistas, sem contraditório que não conseguem disfarçar outros objectivos que não são, como deveriam, apenas os de informar com isenção. Por mais defeitos que possamos apontar à RTP Açores, é bom ter sempre em mente que foi aquela estação, desde a sua criação, um elo de ligação entre todas as ilhas e todos os açorianos e que, em termos de produção foi mãe de obras-primas da ficção televisiva nacional. Cremos que haja necessidade de reformulações e adaptações aos novos tempos que atravessamos mas, nunca poderá passar pela redução das emissões para umas míseras quatro horas diárias. Achamos que é chegada a hora de nos unirmos em defesa da RTP Açores e exigirmos que as emissões regionais entrem na rede de cabo e sejam transmitidas a nível nacional, tal como entram em casa dos açorianos a RTP/N, a RTP/Memória, a RTP1 e a RTP2! Mudando de assunto, que o tempo urge, ficámos a saber que o PSD, tão crítico ao governo de Sócrates e aos alegados buracos da governação socialista na república, afinal tem, de portas para dentro, um exemplo bem pior de buraco, ou melhor de uma enorme e bem escondida cratera orçamental, no reino de João Jardim. Face às indesmentíveis notícias do monstruoso buraco nas contas do Governo laranja da Madeira em contraponto com a gestão criteriosa e responsável do governo socialista de Carlos César, que foi verificada e confirmada pelo Tribunal de Contas, parece que a líder do PSD teria ficado mais satisfeita se os Açores tivessem uma situação semelhante à que resultou da ruinosa gestão social-democrata madeirense que felizmente já está sob a investigação da justiça! Quanto à vinda de Cavaco aos Açores…no dia da chegada, como há muito não acontecia… choveu para Cavaco!