Opinião

A Mandatária da Austeridade

Esta foi provavelmente a pior semana para a candidata Berta Cabral desde que começou a sua campanha eleitoral. Numa só semana, a Presidente do PSD/Açores e o seu partido, multiplicaram-se em declarações incompreensíveis, desnecessárias e até infelizes para quem tem como objetivo governar os Açores. Nunca julguei que esta crítica fosse possível fazer a uma candidata e a uma equipa que tem de experiência, mais anos do que eu tenho de vida, mas em política a afirmação de uma alternativa não se faz apenas pela crítica pura e dura, faz-se, sim, pela pertinência e sustentação de uma nova ideia, pela capacidade de concretização de uma proposta feita, pela coerência da afirmação e até pela capacidade de consubstanciar uma crítica ao seu adversário. Quando as empresas e as famílias estão em dificuldades devido às medidas de austeridade, não é aceitável para um partido com as responsabilidades do PSD estar mais preocupado em criticar a evolução da posição do PS sobre a subida do IVA, do que procurar encontrar com o Governo Regional e com Partido Socialista uma forma de pressão sobre o Governo da República para que este não imponha aos Açores uma subida do IVA de 16 para 18%. Ou seja, enquanto o PS está preocupado em evitar uma subida de preços generalizada, com efeitos nefastos para a nossa economia, o PSD está mais preocupado em fazer críticas ao seu adversário para obter proveitos. Também é incompreensível que alguém com a responsabilidade da líder do PSD/Açores, tente levantar dúvidas sobre a situação financeira da Região Autónoma dos Açores. É importante que se saiba que as contas da Região estão devidamente auditadas e validadas pelo Instituto Nacional de Estatística, Banco de Portugal, Inspeção Geral de Finanças e Comissão Europeia, não tendo o Governo dos Açores que provar mais nada sobre esta matéria. Ora se alguém tem dúvidas sobre esta matéria deve pelo menos tentar comprovar a razão das suas interrogações. O que não se admite é que uma líder partidária, numa vã tentativa de criar a dúvida na opinião pública, chame, plena de intencionalidade, ao Protocolo de Colaboração e Entendimento que está a ser negociado, entre o Governo dos Açores e o Governo da República, “Plano de Resgate” financeiro aos Açores. A Dra. Berta Cabral sabe perfeitamente que este protocolo não é nenhum “resgate financeiro” aos Açores. Como também sabe, levantar estas dúvidas, junto da opinião pública açoriana e nacional e junto dos mercados, chegando mesmo ao ponto de sugerir eleições antecipadas por isso, é no mínimo estar disposta a prejudicar a sua terra apenas para obter alguns votos. Como se todas estas afirmações não fossem suficientes, a líder do PSD, desesperada, recupera o discurso da “falta de oxigénio”, do seu antecessor Costa Neves. Para o PSD, o Governo Regional instalou nos Açores um clima de medo a quem o crítica. A única resposta que se pode dar a esta acusação é que ela carece de pelo menos alguma fundamentação, pois basta verificar os jornais e noticiários, dos últimos anos, para verificar a quantidade de críticas diárias (algumas até injustas) que são feitas ao Governo. Mas numa altura em que o Governo da República promete aplicar medidas de austeridade “custe o que custar”, quando a maior parte dos economistas e até o Presidente da República avisam para os enormes sacrifícios que estão ser impostos aos portugueses sem qualquer tipo de retorno de crescimento económico, a líder do PSD/Açores não se dá satisfeita apenas por apoiar o seu companheiro de partido. Não! Berta Cabral considera que deve a mandatária de Pedro Passos Coelho para os Açores. A líder do PSD considera que para além de apoiar o projeto de austeridade do PSD Nacional, deve ser também a sua porta-voz nos Açores. Enquanto o PSD\Açores se preocupa em criticar o PS e propagandear Pedro Passos Coelho, o candidato do PS\Açores, Vasco Cordeiro, vai fazendo o seu caminho de evitar a crítica ao seu adversário, de propor responsavelmente o que sabe poder cumprir e de acima de tudo, criar um projeto de futuro, com todos os Açorianos, em que ninguém fique para trás.