Opinião

Em Defesa da Agricultura

O Grupo Parlamentar do PS/Açores reuniu, na última semana, em Estrasburgo, como o Comissário Europeu para a Agricultura, Dacian Ciolos, um encontro que serviu para fazer a defesa das quotas leiteiras, por ser o regime de produção que melhor serve os interesses dos produtores açorianos, bem como para alertar o Comissário para as especificidades e potencialidades da nossa Região na área agrícola, no leite, na carne e na diversificação. Do encontro de Estrasburgo ficou a garantia que a Comissão Europeia vai integrar os Açores no estudo que encomendou a um grupo de peritos sobre os impactos do fim das quotas leiteiras na União. Esta foi uma proposta que o Grupo Parlamentar apresentou ao Comissário Ciolos e que vai permitir que as mais altas instâncias comunitárias, que tem poder de decisão efectivo, possam a ficar a conhecer, ao nível territorial, os efeitos sociais e económicos que a decisão de acabar com as quotas, em 2015, podem ter nos Açores. Não perdemos, obviamente, a oportunidade de deixar bem claro ao Comissário Europeu para a Agricultura que o desmantelamento do regime de quotas não é a mesma coisa para uma região do centro da Europa e para um arquipélago periférico, afastado dos mercados, com produtores que produzem o melhor leite de Portugal. Há, por isso, uma questão de fundo: Durante anos, os produtores açorianos responderam bem aos desafios colocados por Bruxelas, apostando na qualidade do leite, no melhoramento genético e, em muitos casos, investindo na compra de quota. Bruxelas incentivou e financiou esta estratégia e os Açores cumpriram, produzindo o melhor leite de Portugal, que representa 30 por cento da produção nacional. É imoral que, agora, se diga que, afinal, todo este esforço foi em vão porque o caminho é a total liberalização da produção e dos mercados. Sabemos que esta luta vai ser difícil, tendo em conta os interesses de Estados-Membros poderosos que defendem a abolição das quotas, mas a nossa obrigação política é continuar a lutar para proteger os interesses de toda uma fileira que tem uma grande importância na estrutura sócio económica da Região Autónoma dos Açores. Já o dissemos por várias vezes, o sector primário é crucial para a economia dos Açores e tem ainda imensas potencialidades para explorar. Nós temos a vontade política, os instrumentos públicos regionais e uma classe agrícola de qualidade e pronta para enfrentar os desafios do sector. Tudo faremos para que as tentações neoliberais e mercantilistas da Europa não ponham tudo isto em causa.