Sempre foi claro que o PSD/Açores iria aplicar, na Região, a estratégia de campanha de Passos Coelho contra José Sócrates: "a governação socialista desgraçou as finanças públicas e, consequentemente, a economia".
Os estrategas do PSD/Açores estavam convencidos que seria uma estratégia infalível. Esqueceram-se, porém, que, nos Açores, a situação das finanças públicas regionais era totalmente diferente da nacional, onde, durante várias décadas, se foram deteriorando.
Nos Açores, apesar das inúmeras dificuldades em que vivemos, sobretudo, devido à escassez do crédito bancário, a boa gestão das nossas finanças públicas é validada, reconhecida e elogiada por um conjunto de instituições como o Instituto Nacional de Estatística, Governo da República, Comissão Europeia, Eurostat, a Missão da Troika em Portugal e, mais recentemente, pelo próprio Presidente da República.
Pelo contrário, esta táctica politiqueira do PSD, de a torto e a direito, tentar demonstrar que a nossa terra está à beira da ruína financeira, começa a parecer uma brincadeira de mau gosto, que, aparentemente, já incomoda a Secção Regional dos Açores do Tribunal de Contas, alguns dirigentes nacionais do PSD, membros do Governo da República e muitos empresários açorianos.
Para quem dúvidas tivesse do incómodo do Tribunal de Contas sobre a possibilidade de estar a ser instrumentalizado politicamente, bastaria observar o pronto desmentido do seu responsável máximo nos Açores ao Deputado do PSD, António Marinho, que tentava colar este órgão às contas de responsabilidades futuras da Região, de 3.300 milhões de euros inventadas pelo PSD: "Estas contas são suas, o Tribunal de Contas não apresenta nos seus relatórios o valor que refere!"
Aliás, nesta mesma audição parlamentar, a Secção Regional dos Açores do Tribunal de Contas acaba por reconhecer que os valores apresentados pelo Governo dos Açores sobre o custo das SCUT e do Hospital de Angra do Heroísmo não estão errados, embaraçando, involuntariamente, mais uma vez, o Partido Social Democrata.
Esta política do "vale-tudo" contra o Governo dos Açores, acaba também por criar constrangimentos ao Governo da República e ao próprio PSD nacional, pois, numa altura em que se quer distanciar da possibilidade de um segundo resgate a Portugal, a última coisa que necessita é que se levantem dúvidas sobre a veracidade das contas públicas nacionais, onde se incluem obviamente as contas da Região Autónoma dos Açores.
Só quem não conhece minimamente o funcionamento da economia regional é que pode afirmar que este tipo de afirmações irresponsáveis e mentirosas do PSD sobre o estado das contas públicas açorianas não afecta a actividade das empresas.
As empresas regionais já se debatem com inúmeras dificuldades em obter financiamento bancário e em conseguirem boas condições de pagamento aos seus fornecedores, devido à situação de falência em que o país se encontra e devido à má fama que o caos financeiro da Madeira trouxe às Regiões Autónomas, sendo que boatos como estes apenas contribuem negativamente para o normal funcionamento da nossa economia.
Assim, verificamos que as afirmações de Berta Cabral e do seu concorrente interno, Duarte Freitas, a dizer que os Açores precisam de um plano de resgate imediato não são apenas conversas de campanha eleitoral para convencer os eleitores menos atentos, são actos reflectidos e preparados com consequências que vão para além do governo socialista que tanto odeiam.
Numa altura em que o país está a sob observação atenta de instituições internacionais e dos seus credores, estas acções prejudicam o bom nome do país e sobretudo a economia da nossa terra.
A irresponsabilidade tem limites!
Em política não vale tudo!