“Quero estar do lado dos que têm ética como prevalente nas atitudes e escolhas” (J.M.Bolieiro ao A.O., 18 Julho 2012).
A ética, enquanto valores, princípios, de nada vale se ficar pelas palavras ou pelas intenções. A ética só é credível, quando enforma os comportamentos, as decisões e as atitudes.
Um cidadão que aceita integrar uma lista de candidatos a um órgão de poder, assume publicamente um compromisso, vincula-se com um projeto político. Não é um seguro de vida política, e muito menos uma alternativa profissional, é apenas “uma oportunidade de servir a comunidade que o elege” (cit.)
Há que separar as águas e assumir perante o eleitorado a responsabilidade que cada cargo político exige. Essa parece ser a posição assumida pelo, ainda, vice-presidente da autarquia de Ponta Delgada, que há meses assume as responsabilidades da câmara, perante uma presidente ausente. Sem querer abandonar a sua “zona de conforto”, mesmo depois de ter anunciado que suspenderia funções após as festas do Espírito Santo, Berta Cabral continua a jogar em dois tabuleiros.
Não é correto nem transparente, assumir funções autárquicas, com a garantia de uma “rede de salvaguarda, caso as coisas não deem certo”, e cito José Manuel Bolieiro. Afirmações que assentam como luvas, nas opções que têm sido tomadas por autarcas do PSD, nas últimas legislaturas, incluindo a própria presidente de Ponta Delgada. Ao contrário das orientações assumidas no PS, de não integrar presidentes de câmara em exercício nas listas à Assembleia Legislativa.
Alguns dirão, mas a senhora era líder partidária, tinha que encabeçar a lista! Enganam-se. Em 2008, quando foi número um por São Miguel, o líder do PSD-Açores era o Dr. Costa Neves. E mais foi a própria Dra. Berta Cabral que se assumiu como candidata de faz-de-conta, quando em declarações públicas, por altura da entrega das listas, referiu não ter intenção de ocupar o lugar de deputada, já que o seu compromisso era com Ponta Delgada.
A ética do faz-de-conta não é ética, é fingimento. Aliás, essa é a marca do cartaz que anuncia o propósito do PSD-Açores para a próxima legislatura. Uma imagem composta com figurantes, que fazem de conta que são médico, agricultor, estudante ou administrativa. Onde até o pássaro faz de conta que é milhafre ou açor.
Em política o faz-de-conta até pode ficar bonito na fotografia, mas não cola, não pega com os valores do serviço e do compromisso, que exigem transparência, honestidade e seriedade.
“As pessoas cansam-se da política e dos políticos, quando em excesso de aparição, acabam por cair na tentação de promessas eleitorais que podem roçar a demagogia” (J.M.Bolieiro, 18 Julho 2012).
Quem ouça e elenque o conjunto de promessas que a Dra. Berta Cabral tem feito, um pouco por todas as ilhas, não pode deixar de concluir que se enquadra na categoria, referida pelo seu vice-presidente, de políticos de “promessa fácil”. A candidata promete e quando não sabe como pagar, atira a sua concretização para os fundos estruturais, cujo montante desconhece. Até na marcação das eleições, prefere antecipar a data, para não ter de confrontar as suas promessas com as verbas a que a região terá direito no orçamento de estado.
Queremos e precisamos de políticos que estejam do lado dos que têm a ética do serviço e do compromisso, que não façam uma ética à medida das suas conveniências ou interesses.