O princípio da solidariedade nacional não é obra do acaso nem é um assunto recente, mas, invariavelmente vem à liça quando surgem os cataclismos a que estamos sujeitos.
No primeiro dia de 1980 o grupo central dos Açores - com maior veemência as ilhas de Terceira, S. Jorge e Graciosa - foi sacudido por um sismo de grande magnitude que destruiu grande parte do parque habitacional e equipamentos coletivos, sobretudo na Ilha Terceira.
A reconstrução exigiu um grande esforço das autoridades regionais e contou com o apoio incondicional da República e só assim foi possível reerguer a cidade de Angra e todas as freguesias afetadas. Foi a primeira vez, que me lembre, que a solidariedade nacional foi ativada, diga-se assim, em benefício de uma população que, se assim não fosse, ficaria impedida de repor o que a natureza destruiu, por manifesta falta de meios.
Noutras situações o mesmo princípio funcionou, como foi o caso dos recentes temporais que assolaram a Ilha da Madeira, onde o Governo da República, e muito bem, destacou meios financeiros e outros, para obviar o sofrimento das populações afetadas e repor a normalidade
Não há regras sem exceções e essa exceção verificou-se no sismo de 1998, que afetou o Faial e o Pico, quando o Governo da República dirigido por Durão Barroso recusou ajudar a Região, obrigando o Governo dos Açores a recorrer à banca para ultrapassar as enormes dificuldades provocadas por mais este cataclismo.
Na catástrofe de Março de 2013, que afetou, sobretudo, o Porto Judeu e o Faial da Terra, Passos Coelho fez o mesmo, lavou as suas mãos, tal como Pilatos, e mandou a solidariedade às malvas.
Depois de recusar as ajudas, cujo valor poderia chegar aos 35 milhões de euros, o PSD deixou na gaveta uma anteproposta de lei sobre esta questão na Assembleia da República e, quando obrigado a agendar o assunto, votou contra, contando também com os votos do CDS-PP. Os Deputados dos Açores do PSD refugiaram-se numa abstenção envergonhada justificando esta postura com questões formais e difíceis de compreender.
Neste processo confirmou-se o fraco sentido solidário de Passos Coelho e sobressaiu a fraca liderança do PSD – Açores que não consegue escolher, quando é chegada à hora da verdade, se fica ao lado dos seus companheiros de partido ou ao lado dos Açorianos, como seria suposto.