A afirmação aparentemente é sempre a mesma mas, infelizmente, é necessária e verdadeira: a austeridade que o Governo da República aplicou nos últimos 3 anos tem tido um efeito nefasto, não só no país, mas sobretudo em economias periféricas e insulares como a nossa ou a da Madeira.
Para Regiões Autónomas como a da Madeira, cuja situação financeira e projeto político apresentavam uma situação de falência, o impacto da crise foi rápido e cruel, originando uma forte recessão, sem precedentes, ao nível das empresas, do emprego e das instituições regionais.
Na Região Autónoma dos Açores, apesar das dificuldades óbvias que a austeridade nos traz, sobretudo em termos financeiros, a boa gestão das nossas contas públicas e uma forte atenção social da parte das autoridades regionais açorianas permitiu suavizar e atrasar o impacto da crise nas famílias, nas empresas e no emprego, sem, contudo, poder evitar alguns dos seus efeitos na economia regional.
Mas a responsabilidade do Governo da República nas políticas de austeridade e nos seus efeitos acabaram por secundarizar as falhas deste mesmo Governo no cumprimento das suas funções primeiras nas Regiões Autónomas.
Sim, falamos por cá de mais um aumento no país de impostos e dos seus efeitos na economia, mas esquecemo-nos, por vezes, que há uma RTP/Açores abandonada pela República, que definha, que funciona em janela, que carece de um modelo de funcionamento e de investimento em meios físicos e humanos para que possa, efetivamente, cumprir o seu papel de serviço publico e de promoção de coesão dos Açorianos.
Sim, falamos por cá de mais um corte da República no financiamento do ensino superior e dos seus efeitos na produção de conhecimento, mas esquecemo-nos que o Governo de Passos Coelho se furta de atender e reconhecer as especificidades de uma Universidade dos Açores que, presentemente, atravessa por enormes dificuldades financeiras, para funcionar e lecionar.
Sim, falamos por cá de mais um corte de Passos Coelho nos apoios sociais, como sejam o subsídio social de desemprego ou o rendimento social de inserção, mas esquecemo-nos que é também da responsabilidade do Governo da República o apoio à resolução do problema da redução do contingente americano na Base das Lajes, na ilha Terceira.
Sim, falamos por cá do facto do Governo do PSD-CDS/PP ter alocado do seu Orçamento para 2015, apenas 0,4%, para investimento público para alavancar a atividade económica, mas não nos podemos esquecer que pendem, ainda, após dois anos de uma longa espera, na secretária de um membro do Governo da República, a resolução do novo modelo de transportes aéreos para os Açores.
Falamos por cá - e bem - dos problemas originados na Governação de Passos Coelho. Mas também é urgente dar respostas específicas aos Açorianos, em matérias que são da exclusiva responsabilidade da República, como sejam, a RTP\Açores, a Base das Lajes, a Universidade dos Açores, o Modelo de Transportes Aéreos ou a reposição do diferencial fiscal de 30% com o Continente (desde que devidamente restabelecido o montante que nos foi tirado nas transferências do Orçamento de Estado).
A primeira visita oficial de Passos Coelho aos Açores, desde que foi eleito, começa hoje e carrega consigo enormes expectativas para todos nós.
Esperamos todos respostas e soluções, sobretudo, para estes problemas.
Finalmente!
Vale mais tarde do que nunca!