Opinião

Perpétuo Ponto de Partida

A preocupação com o aumento do consumo de substâncias nos Açores tem sido uma constante por parte do PS/Açores, que tem alertado para o agravamento desta realidade. No entanto, o governo ignora os avisos e propostas apresentadas.


Segundo o relatório de 2023 do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), os Açores são a única região do país onde o consumo de drogas continua a crescer, em sentido oposto ao resto do país. Em vez de reconhecer a gravidade da situação e agir com firmeza, o governo minimiza o problema e revela a sua incapacidade de enfrentar esta realidade.


A ausência de uma estratégia eficaz, aliada à falta de investimento e à necessidade de adaptação das respostas existentes, tem agravado o cenário. O problema das dependências é hoje mais fraturante do que nunca, exigindo medidas robustas. Contudo, em vez de agir, o Governo Regional dos Açores continua a estudar a realidade, enquanto as respostas continuam desajustadas e insuficientes.


Foi criada uma Task Force com caráter consultivo para rever as políticas e propor soluções, mas sem resultados práticos. As recomendações feitas ao governo não são conhecidas, refletindo uma preocupante falta de transparência. Sem relatórios de progresso e diante da inação governamental, a situação só tem vindo a piorar. E qual tem sido a resposta? A criação de um novo grupo de trabalho, agora reduzido a 7 elementos, o que revela, implicitamente, o fracasso da abordagem anterior. E assim, seguimos num perpétuo ponto de partida no combate às dependências.


O desastre só não é maior devido ao esforço das instituições que operam no terreno, que, apesar da falta de apoio, continuam a cumprir a sua missão. O governo, por outro lado, limita-se a estudos sem impacto real. Nos últimos cinco anos, não houve reforço orçamental, e as instituições esperam longos períodos para receber os pagamentos devidos.


A luta contra a toxicodependência exige a mobilização de todos: governo, instituições, sociedade civil e famílias. A prevenção eficaz requer mais do que relatórios e reuniões: é necessário reforçar as unidades de tratamento, criar equipas móveis no terreno, implementar programas eficazes de sensibilização nas escolas e formar profissionais para enfrentar este flagelo.


Passados 5 anos, não há margem para mais diagnósticos. Governar em matéria de dependências é antecipar e agir, porque o “hoje” já é tarde demais para doentes e famílias.