Opinião

A visita

O primeiro-ministro de Portugal fez uma visitinha de médico aos açorianos. Espetou o símbolo dos Açores na lapela e despediu-se com muito amor. Fazendo jus à tirada do Presidente da República ao encantar-se com o sorriso das vacas. Mas da visita de médico não foi feito nenhum diagnóstico nem foi aventada nenhuma receita. Para que serviu então esta visita? Feita a passo de corrida, passando por quatro ilhas em três dias. Quase não trouxe notícias, e as poucas que trouxe não foram boas. Alternou entre o silêncio, a impreparação e os estragos. O maior deles feito em casa, engasgando o líder do PSD/Açores que se tinha apressado a antecipar a boa nova do regresso do diferencial fiscal dos 30%, para ser publicamente desmentido, no dia a seguir, por quem, aparentemente, o vinha confirmar. Passos Coelho disse que da sua boca nunca se tinha ouvido falar em diferencial fiscal. Duarte Freitas engoliu em seco. A viola no saco. Depois disse no Faial que com dinheiros públicos não há ampliação da pista. Que em São Miguel não há cadeia. Nem há qualquer plano de revitalização económica da Praia da Vitória. Só muito empenho. Um medíocre domínio dos dossiers que dominam a atualidade regional e que poderiam justificar esta visita. Pediu 60 dias para analisar o plano de revitalização económica apresentado pelo presidente da autarquia praiense. Quanto ao do Governo nem isso fará. Ou seja, o que veio então fazer? Dar um passeio inútil. Espalhar amor. Ou ressentimento no seu partido. Estamos perante um arranque soft power da campanha. Uma campanha amorosa de minimização de danos. Mas não basta uma declaração pia de boas intenções. O que se esperava era o anúncio de soluções sobre a RTP/Açores, a Universidade ou a redução do contingente militar nas Lajes. A tudo respondeu com o silêncio. E com o amor. Que, como é sabido, cicatriza muitos males, mas é manifestamente incapaz de esconder a incompetência.