Opinião

A notícia trágica

A notícia surpreendeu mais pela altura em que surgiu do que pelo seu conteúdo. A redução do contingente militar norte-americano na Base das Lajes estava já anunciada. Mas ninguém desconfiava que inaugurasse o novo ano. Apenas dois dias depois das declarações de Rui Machete de que esta decisão afetaria as relações entre os dois países. É altura de mostrar esta indignação mais veementemente. E de passar das palavras aos necessários atos. O Governo da República tem sido frouxo na assunção deste problema. Prometeu apresentar um plano de revitalização económica da ilha. Até hoje não o fez. O impacto desta redução vai cavar ainda mais o fosso de desaceleração da economia do concelho. É absolutamente fundamental olhar para esta questão com urgência e com eficácia. Urgência, porque as consequências são de ontem. Eficácia, porque a realidade exige soluções, ponderando até a renegociação do Acordo em vigor, que não é um verdadeiro acordo porque só serve uma das partes. A americana. A renegociação do Acordo permitiria introduzir vantagens que estão arredadas da versão atual, adequando-se às exigências da realidade. Se a decisão americana é irredutível, a resposta portuguesa deve ser também contundente. Porque deixar um efetivo mínimo na ilha serve os americanos, mas não serve os portugueses. Os EUA mantem a sua presença, como lhes convêm, e ainda por cima, a preço de saldo. Nem ficam verdadeiramente, nem permitem que outros o façam. O murro na mesa que se exige tarda em chegar. O Governo Regional anunciou agora um plano de revitalização para a ilha. Fez bem, mas substitui-se, uma vez mais, ao Estado que não se chega à frente. O Governo Português revelou, e bem, o seu “desagrado”, mas sabe a pouco. O desagrado tem uns repeniques de salão de festas. E, nesta questão, desagrado é uma palavra mansa; adequada, mas encolhida. Que não serve nem a urgência do caso nem a eficácia que se exige.