Em política, a seriedade é imprescindível mas muitas vezes relegada para plano secundário em prol de manifestações de “partidarite”, frequentemente disfarçada sob um manto de altruísmo. Mas a sabedoria popular é antiga demais para se deixar enlevar por tais teatralismos encomendados. Sejamos sérios, sempre sérios. É obrigação moral e legal para com quem elege os seus representantes políticos.
Muito se tem dito sobre a baixa de impostos nos Açores, o “presente” de Passos Coelho aos Açores, no Orçamento de Estado para 2015. “Baixem-se os impostos!”, disse um PSD Açores efusivo com a decisão do seu mais-que-tudo em terras lusas. Por cá, quem sabe pensar questionou: “sim senhor, baixem-se os impostos…e as transferências que o Governo da República nos cortou?” É que, sem reposição dessas transferências e baixando impostos, a prenda de Passos Coelho não passa de um presente envenenado que nada mais faz que prejudicar os açorianos.
E é deveras risível que agora venha um PSD Açores dizer “ah, baixem lá as despesas correntes que vocês conseguem compensar isso. Ah, e já agora usem o que sobrou do Orçamento do ano anterior, já que não o executaram todo”, como se não soubessem que, se não se executou todo o valor previsto, é porque a arrecadação de receita não o permitiu. E como se não soubessem que cortar nas despesas correntes de modo a equivaler ao que o Governo da República nos deve – sim, Deve – é paralisar a ação do Governo Regional e lesar todos os açorianos. Haja paciência.
Para compensar a baixa de impostos e a não reposição das transferências do Estado para os Açores, que nos foram cortadas pelo Governo de Passos Coelho e deste PSD Açores (cantor de galo em todo este processo, sem bem se perceber porquê), há que cortar no investimento público: decorrência natural.
Com toda a noção de responsabilidade, a Presidência do Governo chamou os parceiros sociais e os partidos políticos a pronunciarem-se sobre onde defendem que o investimento público deverá ser cortado para que se possa baixar impostos. O PSD/A desata então num frenesim nervosinho a dizer que o Governo Regional está a fazer tudo para evitar a descida de impostos. A sério? É que parece-me que sentar todos à mesa e arranjar soluções não é fugir com o “respetivo” a seringa nenhuma. É agir responsavelmente. É criar consensos e tomar decisões equilibradas e que prejudiquem o menos possível os açorianos, já que o principal partido da oposição nada mais faz do que dizer “sim, senhor” a Passos Coelho.
Façamos contas: juntando à descida de impostos (a que a reposição do diferencial fiscal obriga) a não reposição das transferências do Estado, há que cortar em algum lado. Cortar nas despesas correntes do Governo Regional é congelá-lo em inatividade. Se não há “sobras” do ano transato porque as receitas não chegaram para isso, só se pode concluir que o dinheiro não estica. Sempre gostava de saber onde fica essa árvore das patacas que parece que Duarte Freitas tem. É que o Presidente do PSD Açores continua a acreditar que o dinheiro nasce nas árvores. É uma explicação, a que se junta outra: a de uma “partidarite” profunda que marca o PSD/Açores, esse partido que, devendo ser estruturante para os Açores, se limita a afirmar que o que quer ver é tirar dinheiro dos bolsos de Vasco Cordeiro e de Sérgio Ávila, propondo medidas descabidas que em muito prejudicariam os Açorianos. Pequenos. Muito pequeninos.
Parece um mau conto de fadas: aparece a bruxa má com a maçã envenenada e a Branca de Neve convida-a a entrar, faz festa com ela, serve a maçã aos açorianos e ainda por cima come-a, sabendo que tinha veneno! Não me parece uma Branca de Neve muito inteligente, este PSD Açores…