Opinião

O Futuro da SATA?

Na semana que passou a actualidade ficou marcada pela discussão do Plano Desenvolvimento Estratégico da SATA. Infelizmente, esta discussão – que se esperava sobre o futuro da SATA - ficou assinalada, pela permanente recusa da maioria da oposição parlamentar, liderada pelo PSD, em discutir o futuro da companhia regional e em tentar assacar responsabilidades ao Governo dos Açores em todo este processo. Bem tentei questionar o maior partido da oposição e o líder, se concordava com o documento apresentado pelo Governo ao Plenário, se estava de acordo em centrar com a opção de preservar os trabalhadores do quadro da companhia da reestruturação e da opção política, tomada pelo Governo de manter a SATA uma empresa pública, mas lamentavelmente, as prioridades de Duarte Freitas estavam muito longe dos interesses da companhia. Até o desafiei para que não abandonasse o debate sem primeiro apresentar as suas ideias para o Grupo SATA. Tal não aconteceu. Não me interessa discutir se o Plano de Desenvolvimento Estratégico da empresa tem 50 ou 242 páginas, sobretudo se os documentos divulgados pelo PSD – e a divulgação de documentos confidenciais de empresas públicas constitui crime – contiverem dados desactualizados ou matérias sensíveis que podem afetar a estratégia comercial da empresa. Interessa, sim, discutir o documento que o Governo dos Açores valida e que a empresa vai cumprir até 2020. Interessa-me discutir o posicionamento da SATA como uma empresa de vocação regional, de serviço público, que serve o interilhas a preços e frequências satisfatórias e que garante as acessibilidades ao continente português e à nossa diáspora no continente americano. Interessa-me debater a SATA como instrumento de dinamização de fluxos turísticos para a Região de uma forma viável e sustentável. Interessa-me discutir a ambição da empresa em ser um operador de referência na Macaronésia, não só pela experiência quase única que tem em operar em arquipélagos, mas também como utilizar todo este enorme mercado como “feeder” da operação da companhia para o continente americano. Sim, interessa-me a discussão sobre como potenciar a SATA como pilar económico e social que contribui decisivamente para a coesão regional. Tudo o resto é acessório e lateral, porque evita ou cria ruído sobre este debate fundamental. Neste caso da oposição foi premeditado, em outros casos, como refiro abaixo, um anseio… Percebo o entusiasmo de alguns comentadores e jornalistas que - quase num clímax eufórico - julgam que, com a reestruturação anunciada e com a divulgação de documentos internos da empresa, chegou a hora, finalmente, do seu reconhecimento público e mediático enquanto oráculos da aviação e dos transportes aéreos. A SATA para além de ser um património identitário da Região é o nosso maior exportador (a única presente no top 100 nacional), gasta 55 milhões de euros em salários nos Açores, tem um peso na economia regional de 5% é o segundo maior empregador, com cerca de 1300 trabalhadores (1000 na Região) e consome em bens e serviços 40 milhões de euros a fornecedores regionais, merece, portanto uma maior consideração da parte da maioria da nossa oposição parlamentar.