Opinião

O congresso

O funcionamento do nosso regime democrático funciona, em grande medida, assente nos partidos políticos. Os partidos políticos têm vários momentos no âmbito do seu funcionamento, tendo especial destaque nesses momentos os congressos partidários. Expoente máximo da democracia partidária, onde se debatem ideias, propostas e onde se analisa o projeto político dos candidatos à liderança desse partido. Esse projeto consta de um documento designado por Moção Global de Estratégia que contém as propostas do candidato, propostas essas que materializam o projeto político do partido para a sociedade e que são, também, a antecâmara do que será o manifesto eleitoral apresentado aos eleitores, no caso dos Açores, nas Eleições Legislativas Regionais. Ora, por estes dias decorreu uma destas reuniões magnas do PSD Açores sendo candidato único à liderança o Deputado Duarte Freitas. Assistimos a um desfilar de críticas, de ataques, de ofensas ao Partido Socialista e ao Governo. Nada de novo. Expectável e previsível. Quando nada mais há para dizer ou para valorizar, resta atacar o inimigo. E de facto, lendo a Moção Global apresentada ao congresso percebemos essa necessidade porque, de facto, nada mais havia para valorizar. É um deserto de ideias e de propostas concretas e exequíveis. É um chorrilho de banalidades superficiais que poderia envergonhar os militantes de um dos partidos fundadores da Autonomia dos Açores. Nem uma palavra sobre como aumentar o emprego, sobre como melhorar o serviço regional de saúde, sobre como melhorar a educação, sobre como melhorar o desenvolvimento económico e social da Região. É por isso um exercício pedagógico ler a Moção apresentada ao Congresso para se perceber a falta de contributos e de consistência política do atual PSD para o desenvolvimento dos Açores. É legítimo que um Partido diagnostique problemas e sinalize preocupações políticas, mas quem quer ser alternativa tem de mostrar de forma muito clara como faria diferente, como enfrentaria a crise, como defenderia as famílias e as empresas açorianas da crise social que assola a Europa, como defenderia os açorianos da austeridade sem precedentes do Governo da República, qual o projeto de médio prazo que tem para os Açores. E isso ficou, mais uma vez, por responder.