Nos últimos três meses, alguns indicadores económicos e financeiros têm proporcionado ao Governo de Passos Coelho e Paulo Portas uma base ténue e artificial para sustentar uma narrativa falsificada sobre a verdadeira situação que o nosso País atravessa.
Os indicadores em causa são sobretudo efeitos de causas externas, para as quais nem o Governo do País nem muito menos o Primeiro-ministro tiveram qualquer influência.
O preço do barril de petróleo e da energia, as taxas de juros definidas pelo Banco Central Europeu, ou aqueda acentuada do preço da generalidade das matérias primas, fruto de um ajustamento das bolsas chinesas, são exemplos de fatores externos, e pior, conjunturais, que permitiram um ligeiro crescimento da economia portuguesa – mesmo assim metade do da espanhola e menos do que a da famigerada Grécia – e uma descida irrisória do desemprego.
Estes dados são reciclados e reinterpretados na ótica de Passos Coelho como provas do “evidente sucesso das reformas estruturais” do Governo e também como demonstrações “de que o pior já passou”.
Infelizmente nada disso é verdade. Ao fim destes 4 anos os números não mentem e os resultados são fracos face aos brutais custos sociais.
A política de austeridade imposta pelo Governo, muito “para além da Troika”, devastou o mercado de emprego e destruiu mais de 320 mil postos de trabalho. Criou mais de 710 mil desempregados, com 300 mil pessoas há procura de emprego há mais de dois anos. Quase meio milhão de portugueses teve de emigrar em busca de oportunidades de emprego.
O aspeto que mais afetou a confiança em Passos Coelho foi as suas opções de asfixia da classe media, depois de ter assegurado precisamente o contrário. A classe média foi espoliada e viu o seu nível de vida baixar drasticamente, esmagado pela conjugação entre o maior aumento de impostos de sempre e o maior corte de salários e pensões que há memória.
Os últimos quatro anos provocaram um brutal empobrecimento dos portugueses, com uma incidência sem precedentes na classe média. Não fora a intervenção do Tribunal Constitucional e a situação tinha sido ainda pior. Recordar é viver.