Opinião

Protocolo

O Governo da Polónia quis, e muito bem, homenagear um piloto da sua Força Aérea, Ludwik Idzikowski, que veio a falecer em consequência de uma aterragem de emergência na Ilha Graciosa, no longínquo dia 13 de julho de 1929. Por seu lado, o Governo da República, como cicerone, encarregou-se de organizar essa cerimónia, nomeadamente listando as pessoas a convidar para acompanharem aquela homenagem e coordenar os seus preparativos. A comitiva, que incluía um Ministro da Polónia e a Secretária de Estado da Defesa de Portugal, entre outros, desembarcou, curiosamente ou não, no mesmo avião que levou o Governo dos Açores após a visita estatutária à Graciosa. Apesar da cerimónia em apreço ter acontecido nos Açores que, recorde-se, tem um Governo próprio, autónomo e perfeitamente legítimo, o Governo da República, de Pedro Passos Coelho, “esqueceu-se” da sua obrigação institucional de comunicar o acontecimento e convidar o Governo dos Açores, como era, de todo, recomendável. Parece que não é a primeira vez que tal desrespeito acontece e ninguém acredita, com toda a certeza, que esta atitude seja apenas um “lapso de natureza protocolar”, conforme afirmou, e nos quis convencer, o Ministro Marques Guedes. Esta reincidência lamentável e perfeitamente escusada serve apenas alguns interesses e protagonismos eleitorais intoleráveis, ainda para mais, quando se confunde, em vésperas de um escrutínio, a atividade partidária com a representação do Estado. Os atos ficam para quem os pratica, tal como as consequências…