É inquestionável a importância que tem a estabilidade do sistema financeiro e o papel da Banca para essa estabilidade.
O novo Governo de Portugal foi confrontado com a situação do BANIF, um problema que poderia ter proporções muito mais nefastas, e teve de agir rapidamente, com uma proatividade e determinação irrepreensíveis.
A solução que encontrou foi a solução menos má, num quadro de grandes dificuldades, mas que garante a tal estabilidade do sistema financeiro, a segurança dos depósitos e a situação dos trabalhadores do Banco, com uma atenção especial para a importância da atividade deste banco nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Mas esta “surpresa” que o anterior Governo da República deixou ao novo Governo, deve exigir de todos uma profunda reflexão sobre o que tem acontecido na Banca portuguesa.
Recorde-se que quando Portugal foi intervencionado pela Troika, o pressuposto principal dessa intervenção era o enorme volume da divida pública, da divida privada e o excesso de despesa do Estado.
Supostamente, os países que tinham problemas graves na Banca eram a Irlanda e a Espanha.
Mas os acontecimentos dos últimos anos, com o caso mais recente do BANIF mostram que, também por cá, temos um problema sério.
Recorde-se que os problemas no BPN, no BES e agora no BANIF representam em conjunto 11 Mil milhões euros, em nome da tal estabilidade e do salvamento da reputação do sistema financeiro.
Esta espiral tem de parar. É tempo de parar para pensar e evitar que se volte a repetir novo problema desta dimensão. É certo que os problemas dos três bancos que referi têm origens diferentes, mas a regulação deste setor tem de ser repensada com urgência, com pragmatismo, sem fundamentalismos ideológicos ou reservas mentais condicionadoras.
Com transparência e com mecanismos de escrutínio reais e eficazes à atividade bancária, e com exigências de esclarecimento e prestação de contas permanente do trabalho de quem tem a função de regular o setor, evitando o silêncio ensurdecedor e inaceitável que se tem verificado do Governador do Banco de Portugal sobre o caso do BANIF.
Se assim não for, dentro em breve estaremos confrontados com novos problemas e novas instabilidades, negativas para todos.
Com o risco crescente de, mais uma vez, serem os contribuintes a ter de pagar a incúria dos administradores da banca e os silêncios comprometidos do organismo regulador.