I. Os resultados objetivos da recente visita do Primeiro-Ministro aos Açores não deixam margem para dúvidas – ainda que haja quem, perante a imperiosa necessidade de fazer esquecer os seus próprios inconseguimentos junto da governação anterior da República, invente um conjunto pouco coeso de incertezas.
O empenho e a responsabilidade demonstradas pelos Governos de António Costa e Vasco Cordeiro permitiram resolver com êxito um conjunto muito significativo de matérias, envolvendo a República e a Região, que se arrastou perdido nos corredores da austeridade de Passos Coelho e Portas. Mantendo-se a vontade política vigorosa do Governo dos Açores, o que mudou foi a forma como o Governo da República, com António Costa, passou a encarar o potencial e a relevância das autonomias regionais.
É, seguramente, um contraste manifesto com o passado recente, quando na República governava um executivo do PSD e do CDS-PP, pouco sensível às questões autonómicas e incapaz de abandonar a austeridade obsessiva, mesmo perante as justas reivindicações dos Açorianos.
II. A visita de António Costa deixou marcas bastante concretas e benéficas para a Região, fruto da disponibilidade para ouvir e da vontade de decidir com que o Governo da República encarou as legítimas pretensões açorianas.
No que respeita à gestão do Mar e dos recursos a ele associados, por exemplo, o atual Governo da República não teve dificuldades em interpretar o conceito de partilha. A verdadeira parceria a favor da Autonomia que resultou desta visita concretizou também benefícios para a Região em relação às questões científicas e tecnológicas, com a criação do Centro de Investigação Oceanográfica na ilha do Faial a merecer destaque.
Por outro lado, as decisões tomadas no âmbito do Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira são prova cabal da validade do compromisso assumido pelo Governo de Vasco Cordeiro, de tudo fazer para que a Terceira pudesse resistir e responder de forma ativa e eficaz aos impactos negativos do redimensionamento da presença norte-americana na Base das Lajes. Não só o processo de certificação da Base das Lajes como aeroporto para uso civil vai conhecer um impulso decisivo, como está igualmente assegurada, ainda para este ano, a operação de companhias aéreas low-cost entre a Terceira, Lisboa e o Porto. Outros – os do costume -ora diziam que tinham fontes seguras de que as low-cost viriam para a Terceira no Verão do ano passado como, já muito recentemente, afirmavam sem margem para hesitações que o Governo de António Costa não estava interessado no processo das low-cost entre Lisboa e a Terceira. Os Açorianos ficaram agora a saber quem é que estava realmente empenhado neste processo e, sobretudo, com quem podem contar para construir um futuro melhor.
III. Só a má consciência de quem apoiou incondicionalmente o anterior Governo da República, mesmo contra os interesses dos Açores, pode levar alguns a considerar a visita de António Costa como irrelevante ou pouco concreta.
Historicamente, os Açores já tiveram de lidar com todo o tipo de governos da República, das várias cores políticas – bons e maus, socialistas ou social-democratas, de coligação ou de maioria única. E é precisamente isso que nos dá a capacidade de sabermos distinguir entre quem nos respeita e quem nos olha com desconfiança, entre quem nos compreende e quem apenas nos tolera. Aqueles que, como o PSD de Duarte Freitas, não conseguem ver a diferença, porque precisam de ganhar eleições, prestam um péssimo serviço aos Açorianos.