A recente greve dos estivadores fez-se sentir em todo o país, e de forma muito particular nas Regiões Autónomas. Em todo este processo, observamos constantes tentativas de negociação por parte do Governo da República, pretendendo-se o alcançar de paz social, objetivo que, segundo tudo aponta, foi alcançado com sucesso. No que aos Açores concerne, e sendo totalmente coerente com as posições que tem vindo a assumir desde o início de funções, o Governo de António Costa decretou serviços mínimos que impunham “movimentação das cargas de dois navios, de cinco em cinco dias” que tivessem como destino as Regiões Autónomas, devendo aquela movimentação fazer-se “sem interrupções desde que se iniciam as operações de descarga ou carga até à sua conclusão e apenas com os intervalos e interrupções resultantes do estrito cumprimento das disposições previstas na lei ou contratação coletiva aplicável”. Garantiu-se igualmente o “abastecimento de géneros alimentícios, produtos deterioráveis e equipamentos sobressalentes para equipamentos de primeira necessidade, caso uns e outros careçam indispensavelmente de ser objeto de carga no período de greve”.
A atitude só prova que uma das preocupações fundamentais do Governo da República foi o de assegurar que as perturbações que eventualmente se fizessem sentir nos Açores e na Madeira – e que são totalmente expectáveis face a um cenário de greve – fossem reduzidas tanto quanto se conseguisse. Foi igualmente representação da consciência das particularidades que acarreta a situação arquipelágica da Região e que já por diversas vezes foi reconhecida por António Costa.
Este estabelecimento de serviços mínimos foi fruto de um trabalho sereno mas decisivo do Governo Regional e do seu Presidente. Sem fazer do direito à greve e dos seus efeitos um drama, Vasco Cordeiro fez o que sabe fazer melhor: defendeu os Açores e as necessidades dos Açorianos. Asseguraram-se, assim, serviços mínimos que, por exemplo, representam o dobro daquilo com o que anteriormente, num igual contexto de greve dos estivadores, há dois anos, o Governo de Passos Coelho decidiu “presentear” os Açores e a Madeira.
Aliás, se por um lado Vasco Cordeiro assumiu uma postura de proatividade e vontade de resolver a situação da forma mais benéfica para os Açorianos, os partidos da oposição limitaram-se a rasgar as vestes e a fazer desta greve uma arma de arremesso político, o que a nenhum deles aproveitou.
Seria interessante, por exemplo, procurar se Duarte Freitas propôs a requisição civil para o porto de Lisboa aquando da greve de há dois anos – é que procurei e não encontrei essa notícia. Era Passos Coelho Primeiro-Ministro na altura? Era. Ahhhh, pronto, está explicada a história da “subserviência”. É que há dois anos os Açorianos eram os mesmos e os problemas foram semelhantes. Mas, nessa altura, Duarte Freitas não se preocupou minimamente com a greve dos estivadores nem sobre ela disse algo digno de registo. E muito menos andou por aqui e ali a projetar cenários de hecatombe como tem vindo a fazer sempre que pode.
E é com esta recorrente realização de filmes que oscilam entre o drama e o horror que a oposição nos Açores vai fazendo a sua estranha forma de política – que os Açorianos conhecem bem e que têm vindo a demonstrar - eleição após eleição - que não lhes agrada. No entanto, uma coisa é certa: Duarte Freitas pode não ter veia para governar – como tem vindo a demonstrar recorrentemente que não tem. Mas não tem com que preocupar. De certeza que faria uma grande carreira em Hollywood. Um bom argumentista faz sempre falta!