Opinião

O mais capaz

Ocorreu recentemente a terceira votação para Secretário-Geral da ONU a que o português António Guterres se candidata. Um cargo não faz uma pessoa, mas uma pessoa, pelas características da sua personalidade, pode fazer um cargo. Não é por ser socialista que António Guterres é um bom candidato, mas é um orgulho haver um socialista a concorrer a um cargo com esta dimensão. E saber que, naturalmente, colheu da sua ideologia características que concorrem para as qualidadesque o transformaram num candidatomuito forte. Pela terceira vez ficou à frente na votação secreta ocorrida entre os membros do Conselho de Segurança. Mas, é sabido que, para ganhar esta eleição, não bastam os votos que se obtém, mas é preciso não ser alvo de veto por parte de nenhum dos membros permanentes do Conselho de Segurança. Na primeira votação, que ocorreu em julho, nenhum país se havia oposto à sua candidatura. Desta vez teve oposição. E, embora Guterres volte a ser o candidato com melhor votação junto do Conselho de Segurança da ONU, e veja comprovado o seu favoritismo, desta vez obteve três votos negativos. Mais do que nas votações anteriores, mas obteve menos votos negativos do que os seus principais opositores. Neste momento o Conselho de Segurança eventualmente já decidiu quem é o melhor candidato, embora continue a realizar votações informais. O Conselho recomendará posteriormente um nome para ser aprovado pela Assembleia-Geral, composta por representantes de 193 países. Seria determinante para Portugal ter uma personalidade como António Guterres num cargo desta importância. Um humanista, um homem de causas, de recorte profundamente social, conhecedor das grandes preocupações globais, que opera a síntese perfeita entre o diplomata dialogante e o homem do terreno. As suas principais adversárias são mulheres, não obstante, na sua intervenção Guterres defendeu que, se vier a ser eleito, apostará numa agenda para a paridade. Revelador.