Opinião

Listas de Espera, Toda a Verdade

O tema das listas de espera para intervenção cirúrgica é muitas vezes apresentado como um indicador sobre a qualidade da gestão e da produtividade do Serviço Regional de Saúde. Todavia, os indicadores quantitativos sem a devida contextualização podem transmitir uma ideia errada. As Listas de espera para cirurgias não abrangem os casos mais graves tais como as urgências, ou as especialidades mais críticas como é o caso da oncologia. As listas de espera não traduzem um risco de vida para os utentes, refletem casos de atrasos em intervenções planeadas. O Governo Regional implementou várias medidas com vista a atacar este constrangimento do setor da Saúde. Foram tomadas várias medidas de foro clínico e operacional para maximizar a capacidade cirúrgica instalada nos hospitais da Região. Foi criado um sistema informático para proceder à gestão integrada regional de todas as cirurgias, considerando a capacidade de resposta dos três hospitais. Foi implementado um programa de produção acrescida para aumentar a produtividade dos blocos operatórios. Instituiu-se o tempo máximo de resposta garantida, com quatro níveis de prioridade para salvaguardar o bem estar dos utentes. E foi ainda ampliada a capacidade de recurso ao setor privado através do Vale Saúde. O Governo Regional acionou toda a “artilharia” possível e imaginária para combater este problema que afeta quase onze mil açorianos. Perante esta realidade, como explicar a quantidade de pessoas inscritas em lista de espera para cirurgia? Não basta estar informado sobre os números. É necessário compreender a informação. A explicação é simples. O grande constrangimento à solução definitiva deste problema no Continente, na Madeira ou nos Açores é a grande falta de médicos anestesistas. As listas de espera cirúrgica nos Açores não medem a insensibilidade do Governo para o problema nem a competência das administrações hospitalares. São antes um indicador dos erros de gestão e de planeamento da formação em especialidades medicas no nosso País. Um problema que começa a ser debelado e que por isso tem, finalmente,um fim à vista.