Denegrir para se apoderar. Assim se constroem regimes anti democráticos ou de democracias fingidas. Afirmando-se contra o “sistema”, apoderam-se da democracia. O populismo é o veículo perfeito.
Consolida-se na sociedade portuguesa a ideia do político parasita, pessoa sem mérito, corrupta e a firme convicção que são todos iguais.
Desmerecer políticos não é tema tabu. É tema diário. Estranhamente por aqueles que os escolhem - porque quem cumpre o seu dever, na esmagadora maioria das vezes, escolhe.
O populismo conquistado através da ignorância, fingida ou não, das notícias falsas, indiferentes à sua veracidade, da generalização, amputa a democracia. Na falta da coragem de se identificar, nome a nome, situação a situação, e de denunciar, dá-se espaço à generalização que é sempre a conquista dos cobardes.
Por uma sociedade conhecedora e crítica, há que não permitir o populismo e da minha parte assumo a dignidade da atividade política, sabendo à partida o quanto impopular é esta opção, e a valorização da participação democrática e esclarecedora dos cidadãos.
O recurso à comunicação social é muito forte. O espaço ocupado deve ser premiado pelo esclarecimento e fatos verdadeiros.
O comentador político Pedro Nascimento Cabral partilha o espaço no programa “Contas à Semana” e no dia nove de dezembro permitiu-se ao populismo e à mentira – não podem existir palavras mansas.
Repor a verdade numa sociedade que se queixa de meias verdades é obrigação de todos. O comentador referiu-se à Assembleia Legislativa e aos deputados, entre outros, nos seguintes termos: “ o principal órgão da autonomia está de férias há dois meses”; “nem as comissões reúnem” e ” férias em julho e agosto e a seguir há eleições regionais”.
O plenário reuniu-se em julho e setembro - neste mês por duas vezes.
Em outubro ocorreram eleições. Que leitura e utilidade teriam uma sessão plenária neste mês? Em novembro, o plenário reuniu-se duas vezes, e dezembro, para além de jornadas
parlamentares do PS na Graciosa, visitas a instituições, realizaram-se as reuniões das
comissões permanentes, tendo sido a última a 28 de dezembro, nas quais participei,
leia-se e outros tantos deputados, reuniões com cidadãos, participação em seminários e contato de proximidade.
Plenário em dezembro? Há exceção de votos e declarações políticas, não havia tempo útil para análise de projetos ou propostas cumprindo-se a tramitação parlamentar, mesmo que esses fossem propostos a 18 de novembro.
Uma simples pesquisa no sítio da Assembleia o protegia de afirmações falsas.
Se a atividade de uma deputada se avalia apenas pelo número de sessões plenárias e participação em comissões, o caminho que se traça é do desprestígio da função. Ainda mais.
Assumo que poderá existir comunicação insuficiente e pouco efetiva entre a Assembleia, partidos políticos e os cidadãos. Estou certa que o passado de alguns políticos no nosso país não favorece a dignidade e a nobreza de representar o povo.
É responsabilidade de todos, nos quais os eleitos estão na linha da frente, de alterar este entendimento. Contrariamente ao que foi dito pelo comentador “ Os Açorianos não compreendem e não há explicação possível”, eles, os Açorianos, compreendem,
quando a explicação é séria, despida de ignorância fingida que apenas pretende atingir o populismo. O comentador político deu um contributo negativo à Democracia e à Autonomia.
O populismo é perigoso para a democracia. A ignorância, fingida ou não, é perigosa para o desenvolvimento humano.