Defendem alguns que o espírito de um século não se contémna facilidade da convenção cronológica, antes exige atentar na substância de um tempo. Por isso há quem defenda que o séc. XXI não começou em 2001. Mas em 1979...
A queda do Xá do Irão e a ascensão do regime confessional islâmico, e as vitórias de Reagan e Thatcher terão sido sinais precursores do fim da prosperidade alcançada pós II Guerra Mundial, do período de maior equidade e justiça social alcançado, pelo menos no "mundo ocidental" - dando lugar a um ressurgimento do neoliberalismo sobretudo financeiro, do recrudescimento de maiores desigualdades, dum crescente mas velho desprezo, pelos direitos adquiridos e conquistas democráticas substanciais, do ressurgimento de nacionalismos e ódios estribados na religião.
Seguiu-se a massificação do PC, nos "oitentas", que sedutoramentedesembocouno fortalecimento de uma determinada globalização, no centralismo das decisões, na atomização, profissional e cívicados indivíduos, em novas formas de controle da informação por parte de potentados empresariais e dos Estados e nacompressão da privacidade e direito ao lazer dos cidadãos.
O Estado Social a que tardiamente chegámos, graças a abril de 74, e que depressa se consolidouna aspiração concretizadade adesão e pertença à então CEE - traduziu-se num colossal progresso: de participação política, crescimento económico, acesso a bens essenciais e mobilidade social.Que ironicamente possibilita agora a crítica da desmemória e a falsificação simplória dos vários populismos.
Hoje, a União Europeia vive dilemas cuja boa resolução é decisiva para a salvaguarda e aprofundamento dum adquirido civilizacional que, se nos princípios é impostergável, requer a defesa permanentee firme dos cidadãos. Pela Paz. Pela Liberdade. Pelo Pão...