Opinião

Desconfiança

No passado dia 21 de fevereiro, no jornal Açoriano Oriental, foi publicado um artigo de opinião da autoria do Deputado Paulo Moniz, cabeça de lista do PSD pelo círculo eleitoral dos Açores às últimas eleições legislativas, intitulado “Políticas e políticos 5.0”, que pelo seu teor merece a devida atenção. O texto começava assim: “Os Açores precisam de políticas e políticos 5.0. De agentes políticos sem mofo nem amarras e que sabendo todas as boas teorias também as ponham em prática.” Isto quererá dizer aquilo que estou desde já a pensar que o ilustre representante do Povo Açoriano na Assembleia da República quis dizer mas não disse? Os denominados barões do PSD nos Açores, isto é, aqueles que em tempos foram e agiram como os donos disto tudo estão excluídos, é isso? E os não tão barões que andam nisto há mais de 30 anos, ainda que de sorriso e aceno fáceis, também estão fora das soluções para o futuro dos Açores? E os que são de palavreado fácil e de (in)decisão crónica também não contam? Passemos, na expetativa de lermos por aí algumas respostas ou vermos ações que permitam esclarecer algumas dúvidas, a mais um trecho do referido artigo de opinião. É-nos dito, em seguida, que “[…] De manhã dizem uma coisa, à tarde fazem outra, deambulando pelos corredores do poder, não poucas vezes, há demasiado tempo e por conveniência particular […]”. E continua, um pouco mais à frente, dizendo “Não basta falar. Temos cada vez mais uma sociedade ansiosa por resultados práticos e concretos.” Estas partes que acabei de citar são, outra vez, aquilo que parecem? Quem é que está há demasiado tempo “deambulando pelos corredores do poder”? Quem é que faz discursos bonitos e depois as ações seguintes não rimam e nem sequer encostam? Quem é que é conhecido por falar e depois nada tem de concreto para apresentar? Aguardemos, com serenidade, pelas respostas. Continuemos a citar. Prestem atenção à seguinte parte: “Torna-se cada vez mais imprescindível, nesta região com cerca de 240.000 almas governadas há 24 anos pelas mesmas pessoas, com as mesmas linhas de pensamento e que nos têm conduzido onde todos sabemos, haver alternativas não só credíveis, mas sobretudo não devedoras de subserviência a nada nem a ninguém. Alternativas que sejam livres de pensamento, de estratégia e de atitudes genuínas.” Ora, não obstante a confusão quanto às “mesmas pessoas” e à tentativa (?) de ocultação do “pormenor” chamado eleições, ainda subsistirão dúvidas que estamos perante aquilo que todos já percebemos? Mas mesmo assim cabe ainda as seguintes perguntas: i. o que será isso de “não devedoras de subserviência a nada nem a ninguém”? ii. Quem será que não é livre de pensamento, de estratégia e de atitudes genuínas? Vejamos se a resposta é dada no próprio texto. É que logo abaixo escreve o Deputado Moniz que “Discursos sem estratégia são apenas ruído e intenções vãs sem praticidade e ação, não costumam fazer história.” Isto será uma simples crítica indelével ou temos aqui uma sentença a transitar em julgado lá para outubro próximo? Vamos, como o texto já vai longo, a uma última citação: “Não podemos dizer que nos Açores 24 anos é muito tempo de PS, se na Madeira achamos bem 40 anos de PSD.” Ora, tendo em conta que estamos perante uma afirmação objetiva e, como tal, ao contrário das anteriores, não passível de margem para interpretações díspares, aceitam-se palpites sobre a quem se dirige. Digam de vossa justiça, com confiança!