O “corona virus”, depois da gripe aviária e do HN1, tornou-se notícia mundial. Sintoma evidente, em versão de missa negra, do globalismo e da desregulação presentes: o que se passa na China fica ali ao lado; a mobilidade física e tecnológica, a instantaneidade da circulação de informação, em que todos são autores, fez do conceito de “aldeia global” um eufemismo histórico. Mas não melhorou a racionalidade, nem a boa prevenção sustentada em informação viável. Pelo contrário: multiplicou de forma geométrica, a irracionalidade e o alarmismo. Mas as consequências e os danos colaterais, ao nível da economia global, são já bem reais. Curiosamente, algumas pessoas já morreram nos Açores, este ano, devido ao vírus HN1. Ninguém se comoveu – não faz parte da moda outono-inverno para este ano!
Outro vírus, este recorrente, que voltou ao parlamento nacional, é o modo “geometria variável”. Começou, aquando da aprovação do OE, com a peregrina ideia de se decidir parar uma obra do Metro de Lisboa, como se decisões executivas e concretas fossem competência do Legislativo e confirmando que o velho princípio da separação de poderes custa a aprender.
Consta igualmente que a obra do novo aeroporto do Montijo pode ficar comprometida, apesar de ser um projeto de óbvio interesse nacional face ao esgotamento da Portela, por a maioria parlamentar não estar disposta a rever uma tolice da lei em vigor, que na prática concede poder de veto a qualquer município limítrofe…
Regressou assim o velho espectro dos governos minoritários e das coligações negativas, parecendo que as soluções de estabilidade e governabilidade, afinal, só são possíveis com maiorias absolutas ou imediatamente a seguir ao negrume!
Quando alguém virar a mesa, veremos quem ficou debaixo…