De um dia para o outro, um vírus (não é qualquer um!) obriga-nos a adaptar a novos hábitos e estilos de vida para nos relacionarmos com os outros e connosco. Ninguém nos preparou para isso. Já passamos outras situações adversas na nossa história e nestas situações vão acontecendo coisas boas. Estamos a viver uma época de transformação na sociedade? Sim, claramente. A própria resposta à crise sanitária tem levado a que procurássemos formas alternativas de configuração do nosso dia a dia. E, às vezes, é precisamente quando estamos do avesso que conseguimos nos reinventar e nos colocar no lado certo. O nosso contexto arquipelágico, além de ser uma condicionante, também é um meio de desenvolvimento de outro tipo de projetos e garantia de novas oportunidades.
E perguntarão alguns leitores: depois disto estarão lançados os dados para que se inicie uma mudança na cultura de trabalho? Este é um momento específico e uma situação ímpar que vem transformar a natureza do trabalho. Hoje existem milhões de pessoas em quarentena e a tecnologia tem sido o melhor aliado para facilitar o trabalho em casa, nas profissões e funções que o permitam, claro. As organizações encontram-se cada vez mais assentes nas novas tecnologias e a sua influência tem vindo a alterar a forma como se comunica e como o trabalhador presta a sua atividade. A excessiva rigidez que ainda permanece em muitas organizações no que toca à utilização do trabalho remoto, começa agora a ser vista como uma possibilidade de novos modelos de trabalho descentralizado. Vendo-se obrigadas a adotar esta modalidade, as organizações vão perceber a sua eficácia.
Mais do que “apenas” possibilitar o trabalho remoto, os ganhos ambientais, económicos e sociais são imensos. Entre tantos ganhos, esta é uma realidade capaz de conciliar o trabalho com a vida familiar e pessoal, esferas que estão em permanente desequilíbrio, uma vez que ambas consomem o mesmo recurso: o tempo. É preciso olhar para uma melhor gestão dos tempos de trabalho associada à flexibilidade, essencial quer para o bom funcionamento das organizações quer para os trabalhadores.
A verdade é que a cultura de desempenhar tarefas a partir de qualquer local e a qualquer hora está ligada por um elemento comum: a Internet. A ideia tão discutida do acesso à Internet como um direito universal, com muitos apoiantes e opositores, é agora tida como uma solução para muitos de nós, eliminando situações de desigualdade no acesso. Então, para que ninguém fique para trás, façamos o nosso ponto de viragem!