Opinião

Aniversário AO: 185 anos ao serviço dos Açores

Assinalam-se os 185 anos do Açoriano Oriental. O facto de ser “o mais antigo jornal português” já é, só por si, um feito, que merece o reconhecimento de todos nós, mas em nosso entender, mais do que a sua longevidade, o Açoriano Oriental merece os parabéns pelo serviço que presta aos Açorianos, aos Açores, à Democracia e à nossa Autonomia. Presto, por isso, uma homenagem a todos aqueles, que ao longo de quase dois séculos, fizeram do Açoriano Oriental a referência que é no panorama regional e nacional, dando continuidade ao legado de Manuel António de Vasconcelos e José Maria da Câmara Vasconcelos. Vivemos tempos da consolidação da globalização para o cidadão, que habituam ao voyeurismo social imediato e proporcionam a sensação enganosa, que a informação credível daí decorre, simplesmente, por cumprir ou satisfazer a expectativa de quem a recebe. Os próprios algoritmos das redes sociais encarregam-se de exponenciar estes efeitos de turba e de deixar os cidadãos mais desprotegidos do que nunca aos interesses obscuros, da manipulação mesquinha, do poder económico sem princípios e dos extremos políticos. Nunca foi tão fácil informar, mas, no entanto, nunca foi tão difícil informar com rigor, cumprindo os valores básicos do jornalismo independente. O jornalismo isento e livre - que questiona, que verifica e que exerce o contraditório – tem custos e, leva um tempo e um cuidado a realizar, que o consumidor de informação não perceciona e não distingue, face à inúmera oferta de informação “fast food” disponível: que é precária, muitas vezes de origem indistinta, de rápido acesso e de parangona. A comunicação social tradicional tem enormes dificuldades em se adaptar a esta voracidade informativa, em ser rápida, em combater as “notícias falsas”, que rapidamente correm meio mundo, e em contrapor, sucintamente, a complexa realidade dos factos, face à simplicidade da mentira. Mas a ausência de protagonistas e de veemência neste combate, já trouxe baixas à democracia na nossa realidade ocidental e elegeu, pelo menos, dois presidentes populistas e extremados, colocou a extrema direita no poder em vários países europeus e colocou o Reino Unido fora da União Europeia. Aos jornalistas dos dias de hoje exige-se, também, responsabilidade, um combate constante contra o imediatismo fácil, contra os juízos feitos através de ‘clicks’, contra as manipulações, contra a desinformação, que contrastam com a informação completa, rigorosa e confirmada sobre os factos e os acontecimentos. Os jornalistas nunca podem ser confundidos com os comentadores de sofá ou de teclado, que não obedecem a qualquer código, que não respeitam qualquer deontologia. O período muito específico de pandemia que agora vivemos é bem exemplo disso. Vivemos tempos difíceis, tempos de temor e de receio, pela saúde dos nossos mais próximos e dos nossos concidadãos. Parte destes receios também resultam do inesperado da emergência circunstancial, uma emergência que nos limita na nossa natureza mais básica de proximidade e afetividade. Outra parte desses receios resulta do enorme desconhecimento que existe em relação a este vírus que assola todos os países do Mundo. Neste campo, em que a própria ciência ainda não tem todas as respostas, a informação fidedigna é também crucial. Desconhecemos o futuro, mas advinham-se impactos tremendos no rendimento, no emprego, nas empresas, em suma, na atividade económica, face aos recursos que temos disponíveis. A forma avassaladora como jorra informação, e nalguns casos alarmismo desnecessário ou até manipulações, neste período de pandemia mundial, faz com que a Comunicação Social seja o nosso porto seguro, seja a fonte credível onde se podem encontrar as respostas aos vários problemas que se nos colocam no imediato e nesse futuro. A sociedade Açoriana conta, felizmente, com um alargado número de órgãos de Comunicação Social, isentos, transparentes e plurais. Sabemos da luta que esses Meios têm, às vezes quase diariamente, para informar e esclarecer e, também, sabemos das exigências que se colocam à gestão dessas empresas de comunicação. A necessidade de informação regional forte é um bem-comum que cabe, também, às entidades governativas proteger e apoiar. O papel do Governo dos Açores e do Governo da República é o de garantir e contribuir para uma sociedade informada, esclarecida e com acesso regular a informação livre. Na nossa Região os poderes públicos não se demitem de pugnar pela existência de jornais independentes que, sendo também eles um “poder”, são fundamentais para a nossa identidade e futuro coletivo. Numa Região como a nossa, dispersa geograficamente, são também os Meios de Comunicação Social que nos permitem estar em cada uma das nossas nove ilhas, acompanhar o que se passa na vida de todos e de cada um de nós. A prova do reconhecimento dessa importância é a celeridade com que, neste momento de crise, o Governo Regional dos Açores aprovou medidas concretas de apoio aos meios de comunicação social Açorianos, que vieram reforçar os apoios já existentes na Região e que tantos elogios tem recebido de diversas associações nacionais do setor. Nos Açores, a pluralidade de meios de comunicação social, públicos e privados, como é o caso do Açoriano Oriental, tem contribuído para o nosso crescimento enquanto sociedade, enquanto Região e tem fortalecido quer a nossa Democracia, quer a nossa Autonomia. Neste período muito específico que vivemos, os jornalistas e colaboradores do Açoriano Oriental também estão na linha da frente da luta que travamos. ‘Lado a lado’ com os profissionais de saúde, as forças de segurança e com todas as pessoas que nos permitem continuar nesta existência tão peculiar, também o Açoriano Oriental cumpre a sua nobre missão. Também por isso, os nossos parabéns. Presidente do Grupo Parlamentar do PS/Açores