A campanha eleitoral que antecede as Eleições Legislativas para a Assembleia Regional que se realizam no próximo domingo dia 25 de outubro, tem sido marcada por um desconcertante apelo, de diversos partidos políticos, a um pretenso "voto útil" para retirar a maioria absoluta ao Partido Socialista.
O chavão "só um voto no partido x permite tirar ao PS a maioria absoluta", em que x pode ser substituído por qualquer sigla, da extrema-esquerda à extrema-direita, passando, naturalmente, pelos diversos centros existentes, tem a vantagem de ocultar dos eleitores o seu verdadeiro significado, que é o de que "só um voto no partido x permite assegurar um governo minoritário". Sendo menos impactante esta formulação torna clara as verdadeiras intenções dos apelos que são, diariamente, realizados como a fórmula mágica que vai resolver todos os problemas da Região.
A transversalidade política destes apelos a um alegado "voto útil" é, por si só, demonstrativa de que não têm subjacente um objetivo de construção de uma qualquer alternativa política.
Neste momento, "tirar ao PS a maioria absoluta", deixou de ser, ao contrário do que era no passado, um meio de afirmação de um projeto político alternativo e passou a ser apenas um fim em si mesmo. Todos os eleitores, no dia 25 de outubro, devem ter consciência disto, trata-se de um apelo ao "voto útil" politicamente inútil no dia seguinte às eleições.
Acresce que em relação aos partidos políticos com assento parlamentar estes apelos ao voto tático que, pura e simplesmente, visam assegurar uma permanente instabilidade ao nível do poder executivo regional, de modo a retirar dividendos políticos, que em nada estão relacionados com o bem-estar dos Açorianos. Além de politicamente inúteis, são também politicamente contraditórios, na medida em que, estes partidos, publicamente, quer pelas suas atitudes, quer pelas suas declarações, reconheceram, no início da aplicação das medidas restritivas de combate à pandemia, a importância da estabilidade política para uma reação efetiva e eficaz do Governo e da Administração perante os efeitos negativos da COVID-19.
Não fosse a proximidade das eleições e seria totalmente incompreensível que os mesmos líderes partidários que em março/abril valoravam positivamente a estabilidade política como um garante da defesa da população Açoriana, agora apelem a um "voto útil" que coloca em causa essa estabilidade que anteriormente, e de forma correta, reconheceram como importante.
Como ficou demonstrado, os apelos ao "voto útil" que surgiram até ao momento têm a sua utilidade limitada à tática política, não relevando em nada, antes pelo contrário, para o dia a dia dos Açorianos, pelo que importa apelar a um voto que seja útil, não para os partidos políticos, mas útil para os Açorianos, ou seja, um apelo que não se alicerce numa ideia de "maioria pela maioria", em espelho com a ideia da "minoria pela minoria", mas sim nas vantagens desta maioria para a população.
É nesta lógica que importa ressalvar a importância de uma maioria que possibilite a constituição de um Governo estável que continue a assegurar de forma efetiva a segurança na saúde, no emprego e nos rendimentos, e, simultaneamente, seja responsável pela implementação integral do programa eleitoral que propõe a sufrágio. Em governos minoritários, à constante instabilidade política acresce uma natural dificuldade na implementação das medidas sufragadas, e desengane-se quem julga que este é um aspeto positivo, pois esquece que a essência formal da Democracia é a prevalência da vontade da maioria, e não a sua permanente sujeição aos caprichos de vontades minoritárias. Por isso, numa Democracia consolidada, em tese, todos os partidos devem trabalhar para obter uma maioria que lhes permita implementar na íntegra o seu projeto político, daí que apenas existam duas justificações para não o fazerem, ou não pretendem governar a Região, a realista, ou, pretendendo, consideram que a via mais adequada para a obtenção de uma maioria é rejeitar a ideia de maioria, a sonsa. Em termos práticos ambas as justificações conduzem à ideia de que em Democracia só não trabalham para uma maioria os partidos que não têm condições para alcançar essa mesma maioria.
Em suma, no dia 25 de outubro, o voto útil para os Açorianos é o voto no projeto político do Partido Socialista, pois é o único que permitirá assegurar a estabilidade política necessária para uma resposta adequada aos desafios económicos e sociais que esta pandemia coloca à Região, de modo a garantir a saúde, o emprego e o rendimento de todos os Açorianos, porque, "Prá Frente é que é caminho!", não significa conformismo e desconsideração dos problemas, mas sim resiliência e tenacidade na sua superação.
P.S. - O voto útil à Autonomia Regional, principal conquista do Povo Açoriano, é o voto depositado em urna independentemente do partido, por isso, pela nossa Autonomia, vote no dia 25 de outubro.