Opinião

Resultados eleitorais: factos, singularidades e uma certeza

Os eleitores, ainda que em número distante de uma participação aceitável, pronunciaram-se de uma forma clara sobre o que pretendem para o futuro próximo dos Açores. E, então, o que nos disseram os 104.009 votantes (45,42%)?

 

I – Factos

O PS venceu em 7 das 9 ilhas. O PS venceu em 12 dos 19 concelhos. O PS teve mais 5.610 votos que o segundo partido mais votado (PSD). O PS obteve 39,13% dos votos e o PSD obteve 33,74%, o que corresponde a uma diferença de 5,39%. O PS conseguiu 25 mandatos e o segundo partido mais votado (PSD) ficou pelos 21 mandatos. O PS é o único partido com deputados eleitos em todas as Ilhas. O PS conseguiu a 7.ª vitória consecutiva! O PS, face aos resultados acima expressos, é, indiscutivelmente, o partido vencedor destas eleições!

 

II – Singularidades

A noite eleitoral fica marcada, pelo menos, por duas singularidades. A primeira diz respeito ao ambiente de festa nas hostes do PSD. O PSD perdeu as eleições na Região. O PSD perdeu na ilha de São Miguel. Perdeu por menos do que estava habituado, mas perdeu. O PSD obteve, nestas eleições, mais 0,76% do que Berta Cabral em 2012 e mais 2,88% do que Duarte Freitas em 2016. Acresce que Berta Cabral, por exemplo, conseguiu em 2012 obter mais cerca de 500 votos do que o seu sucessor na Câmara de Ponta Delgada. Em comum a estes três atos eleitorais temos a derrota do PSD. Festejar – com direito a bandeiras, militantes aos saltos e alguns gritos – uma derrota levou-me a recuar aos tempos em que Portugal, na vertente desportiva, ficava satisfeito quanto até conseguia dar luta a seleções de primeira linha. No fim, acabava sempre por perder. Mas o selecionador até aparecia na sala imprensa com um sorriso nos lábios. Bolieiro, no domingo à noite, foi o selecionador dos tempos das vitórias morais. A outra singularidade diz respeito ao Chega. Este partido conseguiu, através da obtenção de 5260 votos, ser a quarta força política mais votada na Região. Será que algum destes votantes leu o que defende André Ventura a respeito das Autonomias? A legitimidade destes votantes é total, mas não se afigura fácil tentar explicar a força atribuída nas urnas… a quem nos quer (às Regiões Autónomas) colocar no longínquo patamar de ilhas adjacentes!

 

III – Certeza

Face aos resultados eleitorais, os quais não só não atribuíram a nenhum partido a maioria absoluta, como também exigem que eventuais acordos parlamentares ou outros com a finalidade de se atingir um apoio mínimo de 29 mandatos se alcance, obrigatoriamente, com 3 ou mais forças políticas. Isto, como é óbvio, partindo do princípio que não haverá uma coligação de “bloco central”. As dúvidas são, portanto, muitas. A geometria política está ao rubro. Os próximos dias afiguram-se complexos e, simultaneamente, extremamente desafiantes. Ao PS, como partido vencedor, exige-se que tudo faça para garantir a estabilidade governativa em prol do contínuo desenvolvimento dos Açores. O PS, em 1996, demonstrou ter plena capacidade para levar a “nau a bom porto”. Agora, passados 24 anos, com uma Assembleia mais plural e num outro tempo, até poderá existir soluções diferentes e/ou criativas, mas o caminho é o mesmo: Os Açores, acima de tudo! Vasco Cordeiro está, garantidamente, à altura dos desafios que se avizinham!