Opinião

Contágio

Vai uma grande azáfama na aldeia de Lisboa. Devido ao acordo que o PSD e o Chega estabeleceram e que garantiu (?) o apoio para a viabilização do próximo governo dos Açores. Esse clamor não vem apenas de esquerdalhos impenitentes. Junta muitos membros da própria direita democrática e de tradição liberal, como há poucos dias se viu, através dum abaixo-assinado que reuniu mais de 50 intelectuais. É que temem o contágio, e que a nível nacional se siga o mesmo caminho. O problema de abrir portas a determinados convivas é que não se sabe bem como fechálas depois! Apesar do secretismo, foram divulgadas algumas matérias acordadas: revisão constitucional, diminuição do número de deputados, cá e lá, “combate” à corrupção e diminuição drástica da “subsidiodependência”. Os temas são toda uma agenda, pelo movimento que induzem, e de competência da República. É claro que a revisão constitucional pretendida é anti-sistema; a diminuição de deputados é populista e gera insanáveis contradições internas – basta lembrar que três dos cinco deputados do círculo de compensação foram atribuídos a apaniguados deste acordo; a subsidiodependência é “naturalmente” o RSI, e não os “incentivos” às grandes empresas… Desde 2004 que o Governo toma posse no dia seguinte à instalação do Parlamento, perante este. Numa Região arquipelágica, tal também significa racionalidade de custos e parcimónia de meios. Sabemos agora que a tradição está para ser quebrada. Apesar da mudança de ciclo político, e de ser cristão dar mais tempo a quem precisa, a verdade é que a Aliança fincou este propósito desde a noite das eleições… Não há estado de graça? Há dificuldades de recrutamento? Há obstáculos e contradições internas? Àcerca disto, sei que há uma espécie de direita que adoraria zurzir na “canalha” dos políticos, no “despesame” e na “pouca vergonha”. Onde estará?...