Opinião

José Manuel Bolieiro segundo Paulo Estevão

Há cerca de 6 meses a opinião de Paulo Estevão, presidente do Partido Popular Monárquico dos Açores, um dos partidos que compõem a coligação do actual Governo Regional dos Açores era a seguinte:

"José Bolieiro foi recentemente eleito presidente da Comissão Política do PSD/Açores. Trata-se de um político profissional, que exerce funções políticas remuneradas desde 1989. Soma mais de três décadas de atividade política quase ininterrupta, que se iniciou durante a vigência da maioria absoluta do PSD (foi adjunto do Gabinete do Subsecretário Regional da Comunicação Social entre 1989-1992 e 1993-1995 e assessor do Presidente do Governo Regional em 1996). Foi depois deputado na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (1998-2009) e exerce, desde 2009, funções políticas a tempo inteiro na Câmara Municipal de Ponta Delgada.

É portanto alguém que está longe de vir da tal sociedade civil no âmbito da qual pretende camuflar-se com o "Congresso da Sociedade" ad hoc, que tirou precipitadamente da algibeira. Uma iniciativa que é uma espécie de cópia mal-amanhada da "Convenção para a Nova Autonomia" que o PS organizou em 1995.
Veja agora, caro leitor, a "ingénua" entrada em cena de um dos políticos açorianos que há mais tempo exerce funções (discurso final do Congresso do PSD/Açores): "Saúdo os Açores. Todos os açorianos. Os que votam no PSD, os que votam noutros partidos e os que já não votam porque deixaram de acreditar nos políticos que temos". Nos políticos que temos? Deveria ter dito, dado o seu reconhecido pedigree, os políticos que somos. A frase encerra um populismo atroz e revela bem outra característica do político José Bolieiro: esconde sempre a mão que atira a pedra.

José Bolieiro não é homem que parta para o confronto direto. Para uma discussão franca, olhos nos olhos. Esconde-se sempre atrás de sofismas, de anagramas, de mensageiros encapuzados e de uma atitude dissimuladamente cavalheiresca, ditada apenas pela incapacidade de se manter de pé no quadrilátero. O seu discurso vazio e redondo não aguenta o contraditório do adversário. É por isso que evita a crítica direta e transmite as suas ideias através do código ambíguo de um ressuscitado Oráculo de Delfos.
Mas os resultados da gestão autárquica de José Bolieiro, de natureza meramente contemplativa, permitem-nos concluir outra coisa. Para além de não ter um verdadeiro projeto político e de não estar disponível para fazer oposição ao Governo Regional socialista, a sua gestão em Ponta Delgada prova que não é homem para concretizar as grandes e urgentes reformas que a Região necessita.

Os Açores necessitam de uma liderança política corajosa, dinâmica e reformista. Em vez disso, José Bolieiro oferece um perfil político dândi. É notoriamente incapaz de introduzir qualquer transformação ou reforma nas coisas que gere."

Paulo Estevão, na versão do próprio, "é um homem de convicções e de grande coerência".

Ora, sendo assim, ninguém acredita que tenha mudado de opinião em tão pouco tempo, até porque a apreciação que faz é baseada em factos concretos fáceis de constatar e, portanto, indesmentíveis.

A verdade é que esta opinião de Paulo Estevão tem grande significado e relevância política. Quer pela evidente fragilidade do que sustenta a actual solução governativa dos Açores, quer pelo que isso significa sobre o futuro da nossa Região, num momento tão importante e tão desafiante como o que temos pela frente.

Infelizmente, o descontrolo pandémico que verificamos em São Miguel e as indefinições e falta de decisão rápida em sectores cruciais da nossa economia vêm dar razão a Paulo Estevão.