Opinião

Uma aventura do “rapazinho” Clélio

Na grande Ilha do Pico, quando alguém experimentado na vida assiste a uma ação, conduta ou decisão disparatada praticada por algum “adulto” diz logo: “O que é que estavas à espera? Rapazes!” Lembrei-me desta expressão, como já devem ter percebido, ao ler as notícias que dão como certa uma contenda pela liderança da Comissão Política da Ilha Terceira do PSD. De um lado teremos (?) o atual líder, o todo-poderoso “aparelhista” António Ventura, e do outro, no papel de desafiador, o seu “amigo” de sempre e atual companheiro de Governo, Clélio Meneses. Na gíria futebolística, teremos (?) um interessante Angrense – Praiense. Acontece que não se trata de futebol. O assunto é demasiado sério e os tempos, atuais e futuros, não estão para grandes brincadeiras. Contudo, pelas declarações públicas já prestadas pelo candidato (?) Clélio Meneses, temo que este ainda não tenha percebido a função e o papel que lhe incumbe no XIII Governo dos Açores. E é por isto, só por isto, que decidi opinar sobre um assunto que, em teoria, devia dizer apenas respeito aos militantes do PSD. Há quase um ano que o mundo, derivado da propagação de um malvado vírus, está a viver um período marcado por uma profunda crise social e económica. Há, desde o início do processo de vacinação, já uma luzinha ao fundo do túnel. Mas, ninguém, nesta fase, arrisca um palpite para o fim do estado pandémico. Os próximos tempos exigirão muitos cuidados e decisores políticos com o foco total na busca de respostas para minorar os efeitos da pandemia. Não se percebe, por isso, a tentação pelo regresso ao campo partidário de quem tem a seu cargo a pasta da Saúde neste momento de desafios constantes. Os próximos tempos não são para acertos de contas! Nem para reclamar ou exigir, com efeitos retroativos, lugares que foram dados a outros. O tempo não volta atrás… Mas, pelas declarações do candidato Clélio, parece que não será bem assim. A “velha” amizade está aí na sua feição toda. Diz o candidato Clélio que “é importante uma nova fase (ou será face?) do partido na ilha Terceira”; que “o partido tem se ser mais forte”; que “o partido tem que ter maior credibilidade junto da população”; que “deve ser uma referência da sociedade”;  que “houve exclusão de militantes do partido da atividade política”; e, por fim, que até está disponível “para encontrar uma solução que seja uma lista única agregadora e de compromissos”. Resumindo, o problema do candidato Clélio está devidamente identificado: chama-se António Ventura. Esta pessoalização, que numa terra fã de touradas, é uma autêntica “pega de caras”, é incompreensível. O risco desta “tourada” acabar mal é muito grande. Por isso, nos bastidores, já se clama por uma intervenção do Presidente do PSD/Açores por forma a evitar consequências para o executivo. As forças em contenda são muito desiguais. No último ato eleitoral interno, realizado em 2018, António Ventura, sem mobilizar muito as suas hostes, venceu com 73% dos votos. António Ventura tem o aparelho partidário terceirense na mão. Bolieiro sabe isso. Clélio também. Vamos aguardar pelos próximos capítulos…