Utilizo a crónica desta semana para demonstrar mais algumas situações resultantes das demasiadas mãos que estão a segurar o leme dos Açores neste momento.
Prometo deixar a parte das “patadas” que estas mãos vão dando umas às outras e que já fizeram, segundo dizem as más línguas, Deputados desistirem e membros do Governo dizerem que não querem ficar, para outras crónicas.
Vamos à primeira desta semana: nas últimas duas conferências de imprensa da Autoridade de Saúde Regional foi dito, de uma forma até bastante clara, que não há transmissão comunitária da variante britânica nos Açores. Simultaneamente é dito pelos membros do Governo que a maioria dos novos casos são dessa nova estirpe (apesar de omitirem a quantidade). E agora reparem: em todos os comunicados diários dizem que os novos casos detetados são resultantes de transmissão comunitária. Todos! Em que é que ficamos? Acreditamos no que escrevem todos os dias nos comunicados ou acreditamos no que dizem os mesmos responsáveis quando vão à televisão? É que não bate a bota com a perdigota.
Outra: sobre as vacinas nos Açores continuamos sem Rei nem Roque. Começou por estar tudo a correr às mil maravilhas e acabamos de assistir a simultâneos pedidos de mais vacinas. O Presidente pede à União Europeia, mas o Vice-presidente pede aos EUA. O Presidente pede lobby juntos das instituições europeias, mas o Vice-presidente pede lobby aos nossos emigrantes junto do Governo Americano. Parece-me, no mínimo, um jogo de forças perigoso no que às nossas relações externas diz respeito.
Já agora, e o resultado do inquérito relativo às vacinações indevidas? É assim tão difícil olhar para a listagem de vacinados e ver se cumpriam ou não os critérios do plano de vacinação? É que culpados já houve: não nos esqueçamos da demissão de uma Diretora Regional.
Mais uma: é impossível não fazer referência ao incumprimento da Lei por parte do Governo Regional relativamente ao envio da proposta de orçamento sem os pareceres dos Conselhos de Ilha. Como é que é possível que no meio de tanta transparência e tanto diálogo se esquecem de cumprir a lei logo no que a isso mesmo diz respeito? Como diz o povo, quem não se sente não é filho de boa gente e eu saúdo por isso todos os Conselhos e Conselheiros de Ilha que se sentiram desrespeitados. Não brinquem com coisas sérias!
Antes de terminar queria aproveitar este espaço para felicitar toda a Rádio Atlântida por mais um aniversário. Que nunca parem de os contar.
(Crónica escrita para Rádio)