Pela primeira vez na história da Democracia Portuguesa, o Presidente de um partido político que faz parte da coligação de governo não exerce funções nesse governo.
Paulo Estevão é um homem esperto. O seu percurso politico-partidário nos Açores mostra isso mesmo.
Fruto dessa esperteza, Paulo Estevão tem o mérito de ter ganho as eleições na Ilha do Corvo, coligado com o CDS-PP, com 115 votos, bem como o mérito de ter eleito um deputado na Ilha das Flores, fruto da não recandidatura do então deputado João Paulo Corvelo do PCP, que por razões pessoais e profissionais entendeu não se candidatar. Gustavo Alves, o novo deputado florentino do PPM-Partido Popular Monárquico, teve o mérito de conseguir 360votos e, assim, conseguir ser eleito. Mas raras vezes participa em debates no Plenário.
Paulo Estevão não permite. O PPM é o partido de um homem só. O Partido do One Man Show. Não se conhece nem há memória de um congresso partidário, eleições internas, órgãos regionais, moção global de estratégia ou qualquer projecto político com as suas ideias e propostas.
Paulo Estevão é um dos grandes mentores da nova solução governativa, fazendo parte da coligação de governo e garantindo dois deputados para a sua base de apoio parlamentar.
Durante muito tempo foi um dos maiores críticos de José Manuel Bolieiro, do seu estilo, da sua passividade endémica e das suas incapacidades políticas. São vários os artigos de opinião na imprensa regional que comprovam isso ou a frase proferida em plena campanha eleitoral no passado mês de Outubro em que afirmou "José Manuel Bolieiro não reúne as condições para liderar um Governo dos Açores. Bolieiro não tem, do ponto de vista pessoal, as condições para desempenhar essas funções."
Mas isso não o impediu de caucionar a actual solução governativa PSD-CDS-PPM, com apoio parlamentar do Chega e da Iniciativa Liberal, não em nome de um projecto político pensado e consistente para o futuro dos Açores, mas fruto da única coisa que o une aos partidos da coligação: o derrube do Partido Socialista.
Apesar disso, Paulo Estevão não teve a coragem de assumir um papel na governação. Preferiu ficar de fora, não tendo vontade ou capacidade de mostrar o que vale em funções executivas, evidenciando assim grande cobardia política.
Mesmo assim, assume-se circunstancialmente como porta voz do Governo sem ter funções governativas e é o líder parlamentar das bancadas que apoiam o Governo no Parlamento.
Vai fazendo uns anúncios aqui e ali de medidas a tomar pelo Governo Regional mesmo não tendo funções governativas, vai garantindo cargos e nomeações para pessoas da sua conveniência, vai desautorizando os membros do Governo aqui e ali, já fala na necessidade de algumas mudanças em alguns Secretários Regionais afectos ao PSD, mas poderá sempre dizer e quando lhe convier que não é membro do Governo e, por isso, não tem responsabilidades sobre o que não correr bem.
Como diz a nossa gente, o Deputado Paulo Estevão está-se consolando. A sua esperteza, associada à sua cobardia política, permitem-lhe isso.