Muita celeuma tem causado, nos últimos dias, a transferência de uma peça da coleção de História Natural do Museu Carlos Machado para o Ecomuseu do Corvo. O pedido – sabe-se bem – não é novo e o “requerente” não se tem cansado de falar nisso, mesmo que, nas suas últimas referências à peça, a tenha chamado de “vaquinha empalhada”…
Não vou, contudo, perder-me em quês e porquês de tal pedido, até porque seria um desperdício de tinta… Vou antes atender à pressa da Senhora Secretária Regional da Cultura, em ver resolvido o problema e calado o assunto, o quanto antes, não vá o diabo tecê-las. Primeiro, disse que o transporte para o Corvo seria acautelado e cuidado, ignorando o parecer técnico do Museu Carlos Machado. Dois ou três dias depois, lá veio dizer que poderia ser feita uma réplica! Critérios? Desconheço.
Por certo, a ideia terá vindo do expedito Diretor Regional da Cultura, o qual classificou os oponentes a esta “transação” de “mentes anãs” e comparou a situação a devoluções de património de museus alemães às ex-colónias.
Sabemos que o senhor Diretor Regional da Cultura fala várias línguas e é muito viajado, o que não significa, porém, que tenha percebido o que está aqui em causa. Querer pôr uns contra os outros, mesmo que o assunto seja uma “vaquinha empalhada” (para usar a expressão do “requerente”), não é, nem nunca foi, boa política, tanto menos se espera que venha (precisamente) do responsável pela Cultura nos Açores.
De modo que agora resta-nos esperar que vingue o bom senso e que a Cultura nos Açores não acabe por ver reduzida a sua importância às demandas de uns e de outros, consoante a teimosia e a força da birra. Isso seria não só lamentável, como, igualmente, escusado.